tag:blogger.com,1999:blog-4176543666907696542024-03-14T07:06:06.319-03:00Acampamento CiganoA história de um grande amor que surgiu em um Acampamento Cigano contada por um dos seus personagens, o Cigano Hiago.
Este personagem aproveita para contar tudo sobre seu acampamento, seu povo, suas tradições, suas crenças e sobre os espíritos ciganos com os quais convive.Julio Lótushttp://www.blogger.com/profile/10223708326173460299noreply@blogger.comBlogger14125tag:blogger.com,1999:blog-417654366690769654.post-18555930605468967442011-12-13T22:46:00.079-02:002012-03-27T22:19:46.603-03:00A Força da Magia Cigana...<h3 style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Já se passavam uns quatro meses da morte de meu melhor amigo e eu ainda sentia muita indignação por nada ter podido fazer, mas o treinamento continuava e agora, eu estava só, em um lugar que não conhecia e ficaria ali, no meio do nada, tentando sobreviver por um bom tempo, e isso me daria condições de avaliar tudo; o que aprendi em relação ao que sentia por Yasmin; a magia; as ervas; as frutas; as pedras; os elementais; os ensinos muito valiosos de mamãe e, as considerações sempre oportunas de papai, ao que pensava sobre Shain, ao que sentia por todos os membros de nosso grupo e, também, ao que aprendera e ainda estava aprendendo sobre abrir os caminhos e encontrar um lugar seguro e com condições para habitação.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Enfrentei muitas adversidades e algumas vezes, acabei dormindo molhado pela chuva, com fome, frio, mas aos poucos fui conseguindo reunir o que aprendia e encontrei caça, frutas e a proteção de pedras. Havia uma fenda na parte de baixo, que não seria bem uma caverna, pois ela só tinha a cobertura, sendo que as laterais eram abertas e me deixavam sujeito à ação do tempo, mas me protegia da chuva que vinha por cima.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Numa das noites, sonhei com uma porção de gente chegando ao Acampamento com diversas tochas e foram queimando uma a uma cada uma de nossas carroças e tendas. Mas, uma voz desconhecida me disse que se eu estivesse presente isso seria evitado. Acordei muito assustado. Sabia que ainda restavam mais uns três dias de lua nova e que só tinha autorização de voltar ao Acampamento depois que a lua nova fosse embora, mas não consegui me controlar, peguei as minhas coisas, fiz uma pequena trouxa, coloquei nas costas e voltei para o Acampamento.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">No caminho de volta, eu pensava em qual seria a punição que eu receberia por não ter cumprido a meu treinamento como fora recomendado, mas a angustia que sentia por causa do sonho, justificaria qualquer atitude que tomassem pela minha ousadia de voltar.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Levei seis dias e seis noites na viagem de volta.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Tão logo cheguei fui direto falar com mamãe sobre o meu sonho, mas ao tocar em suas mãos, ela fez um sinal para que eu me calasse. Não tive dúvidas e obedeci. Ela me deixou sozinho na frente de nossa tenda e foi ao encontro de papai que estava alimentando alguns de nossos animais.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Depois de algum tempo retornou com papai, com Yasmin e seus pais. Entraram na nossa tenda e me chamaram. Não tive tempo nem de cumprimentar Yasmin direito e mamãe foi logo falando.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">— Hiago está sentindo o mesmo que Yasmin e eu estamos e vou pedir que ele conte o que viu e, me passou a palavra.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">— Na verdade, eu tive um sonho há cerca de seis dias, aonde via um grupo de homens chegando sorrateiramente ao nosso Acampamento, com paus e tochas nas mãos. Queimavam as tendas e nossos carroções. Acordei assustado e mesmo sabendo que não havia concluído o meu treinamento, resolvi retornar para ver se estava tudo bem, agora chegando aqui e vendo que está tudo em ordem, estou me sentido um verdadeiro idiota.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">O pai de Yasmin tomando a palavra e disse:<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">— Quanto ao fato de ter abandonado seu treinamento, nós avaliaremos depois. O problema é que dois dias atrás, sua mãe e Yasmin tiveram a mesma visão que você nos relatou em seu sonho e isso significa que há uma possibilidade de nosso Acampamento ser atacado, portanto precisamos reunir o conselho e montar uma estratégia de defesa, com a máxima urgência.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Yasmin pediu a palavra.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">— Papai, eu gostaria de fazer uma sugestão. Na minha visão...<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Mamãe, não permitiu que ela falasse e foi logo dizendo:<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">— Vocês podem achar estranho o que Yasmin vai dizer, mas eu concordo com ela, sinto que o plano que lhe foi dado faz sentido já que somos a maior força deste Acampamento.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Yasmin recomeçou.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">— Na minha visão, quando fizeram a tentativa de ataque, nós colocamos sete pessoas em volta do nosso Acampamento, em pontos estratégicos, como se fosse uma corrente humana. Não sei bem o que elas faziam ali, mas sei que os homens que nos atacavam, não conseguiam entrar no Acampamento, sendo que nada nos foi tirado, nenhuma carroça ou tenda foi danificada e nenhuma das sete pessoas foi atingida. Só consegui ver em volta do Acampamento o Hiago, eu e um homem vestido com uma capa preta, e outras quatro pessoas que não tinham rosto em minha visão.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">A mãe de Yasmin que era a nossa maior curandeira, falou:<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">— As sete pessoas que estavam em volta do Acampamento, estavam em sintonia de pensamento, umas com as outras, fazendo uma corrente energética em favor da não violência e da segurança de nosso Acampamento. Isto é possível, pois aprendi, embora eu nunca tenha visto a execução de uma corrente assim, mas sei que é possível.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">O Pai de Yasmin, olhando para sua esposa, perguntou:<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">— E quem poderiam ser essas pessoas tão superdotadas a ponto de salvar um Acampamento inteiro com mais de trezentas pessoas, sem nenhum tipo de agressão ser consumada?<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Mamãe virando-se para a mãe de Yasmin, lhe perguntou:<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">— Você lembra da lenda? Os mais velhos a conhecem! Está será a chance que teremos para provar sua autenticidade, ou não. Se a lenda estiver correta, o Acampamento será preservado de um ataque de homens que são mercadores de escravos, por uma jovem vidente e seus pais, juntamente com o seu prometido, os pais dele e um mago que já nasceu com o conhecimento de magia e por instinto foi praticando sozinho e aprendeu muito.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Levantei a mão e fui falando:<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">— Neste caso, poderíamos ser nós seis, mas quem seria a outra pessoa?<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Papai, que raramente falava em reuniões, pois preferia ouvir e analisar cada detalhe antes de falar levantou uma das mãos, pedindo a palavra e olhando para o pai de Yasmin, perguntou.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">— Esse outro jovem não poderia ser o meu filho Shain? Todos sabemos que ele é hoje, um dos melhores alunos de magia, sendo que nunca havia sido treinado antes de chegar a esse Acampamento e, apresenta resultados surpreendentes, de acordo as pessoas que o treinam.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">A mãe de Yasmin comentou:<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">— Pode ser sim, mas existem outras possibilidades que acredito que devem ser levadas e conta.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">— Só pode ser ele mesmo. – comentou mamãe – Ele só usa roupas escuras, destoando dos demais membros desta tribo e na lenda, a pessoa que aprendeu sozinha, não consegue perceber a diferença entre o bem e o mal, justamente por ter aprendido sozinha. Para essa pessoa, a magia o deslumbra e causa nela a sensação de poder e como não sabe a diferença entre o bem e o mal, considera que ambos, são a mesma coisa, desde que lhe dê poder.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Papai demonstrou claramente não ter gostado do que mamãe dissera, mas nada falou.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">O Pai de Yasmin definiu:<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">— A segurança desse Acampamento é minha responsabilidade, acredito sim que magias podem obter resultados impressionantes, chegando mesmo a ter absoluta condição de resguardar um acampamento inteiro, mas como posso aceitar que uma magia vá salvá-lo, sem que tenha traçado um plano alternativo ou complementar? Tenho a obrigação de resguardar a todos e ser sempre muito mais prático do que místico. Vou reunir o conselho e tomar as providências necessárias para manter a segurança de nosso povo. Não posso permitir que uma lenda que não sabemos se é verdadeira e que pode não dar certo, coloque em risco o Acampamento. Desculpem, mas minha posição está tomada.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Dizendo isso, retirou-se de nossa tenda e foi reunir o conselho, antes, porém, chamou sua esposa, papai e mamãe, para acompanhá-lo.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Ficaram reunidos durante horas. Soube que o assunto da lenda foi mencionado na reunião e foi muito discutido. Mas, como não sabia que lenda era essa resolvi me calar e aguardar os acontecimentos. Contudo, não me encontrava em condições de defender nem a mim mesmo, pois meu cansaço era grande e precisa descansar. Despedi-me de Yasmin e fui para o lago me lavar com a intenção de me deitar um pouco. Quando retornei ao Acampamento a reunião do conselho acabara e mamãe quis saber se eu estava bem e como tinham sido os meus dias, sozinho, lá fora. Não me senti em condições de contar nada e fui me deitar.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">A noite chegara e acabei acordando com as vozes de papai e mamãe conversando sobre a tal lenda, mas não consegui entender muito bem o que eles falavam.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Comi alguma coisa e retomei o meu sono. Acordei novamente quando o dia clareava e me assustei quando ao sair da tenda, vi o Acampamento cercado por muitos de nossos homens, armados com pedaços de pau nas mãos. Alguns estavam com seus punhais em uma das mãos e pedaços de pau, na outra. Ficaram assim por dias e dias a fio e enquanto eles montavam guarda os seus afazeres foram redistribuídos para os demais, gerando uma carga bem maior de trabalho para cada um dos outros membros de nosso Acampamento. Os ensinamentos foram paralisados, algumas tarefas que não eram urgentes, também foram suspensas, as crianças foram proibidas de brincar fora do Acampamento e o clima de apreensão tomou conta das pessoas. Todos estávamos preocupados, tensos e muito assustados. Não podíamos ouvir um só barulho nas árvores ou no rio que já nos púnhamos em posição de defesa. O mais impressionante era a confiança que todos depositavam em meu sonho e nas visões de mamãe e Yasmin. Mas, e se nada acontecesse? Como ficaríamos eu, mamãe e Yasmin? Como as pessoas nos olhariam depois de tanto alarde?<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Numa madrugada, acordei sozinho olhei em volta e vi somente minha irmã, dormindo. Mamãe e papai não estavam na tenda e sem que pensasse em mais nada fui me dirigindo para o lugar onde ficava o lago, dei meia volta no lago e me coloquei em pé na margem oposta de onde ficava o Acampamento. Ainda estava muito escuro a não ser pelo clarão da Lua, mas não senti medo ou tive qualquer outro tipo de sentimento, apenas fiquei ali parado.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">De repente comecei a ouvir vozes vindas do Acampamento, mas não conseguia identificar uma só palavra, porém o barulho aumentava à medida que o tempo passava, mas me mantive ali imóvel e tentando adivinhar o que estaria acontecendo no Acampamento.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Quando dei por mim, eu estava tremendo, mas não sentia medo ou frio, apenas tremia. Sentia uma forte vibração percorrendo cada centímetro de meu ser e minha cabeça, assim como todo o meu corpo parecia estar infinitamente mais leve, como se cada parte quisesse se soltar uma das outras. Consegui sentir o que o Yasmin, mamãe, papai, a mãe e o pai de Yasmin e Shain, estavam sentindo. Era como se estivéssemos ligados uns nos outros. Em minha mente eu me via passando por dentro dos outros e eles passavam por dentro de mim, como se não tivéssemos carne e ossos, como se não estivéssemos vivos, como se não fossemos matéria. Essa sensação parecia eterna, como se jamais fosse acabar e me manteve imóvel, parado, inerte por todo tempo. O dia já havia nascido e eu ainda estava ali, não conseguia ouvir ou sentir nada, mas estava leve, feliz e era muito prazeroso estar ali e sentir tudo o que eu sentia. Muito vagarosamente a sensação de leveza foi passando e se instalou em meu corpo uma espécie de dormência e meus músculos, eu os sentia a todos e a cada um em separado. Era como se eu estivesse pessoalmente vistoriando cada um deles e todos eles ao mesmo tempo. Como se revisasse cada parte do meu corpo para avaliar se estava tudo funcionando como antes. Como se eu fosse meu próprio construtor e quisesse ter certeza que tudo estava em ordem.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Lembrei-me que caminhara contra a minha vontade, sem ter dado qualquer ordem ao meu corpo para ele se mexer e parecia que não era eu mesmo, pois sentia que as minhas proporções cresceram e eu sentia-me maior e bem mais forte. Nada mudara, eu acreditei, mas a sensação me dizia o oposto, até que um grande cansaço começou a tomar conta de meu corpo e parecia que eu estava pesando o dobro ou o triplo do meu peso normal. Consegui chegar a nossa tenda quase me arrastando, me joguei sob algumas almofadas e perdi a consciência. Não vi ou falei com ninguém, apenas dormi.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Durante esse sono, sonhei com uma infinidade de coisas, todas boas, muita alegria e muita paz tomavam conta de mim. Despertei já no meio do dia seguinte e tinha uma porção de gente à porta de nossa tenda, conversando com papai e com mamãe. Olhei na direção da tenda de Yasmin e a cena parecia a mesma, porém a mãe e Yasmin não estavam lá fora. Onde estariam a uma hora dessas? Papai e mamãe perceberam que eu havia acordado e vieram em minha direção, assim como todos os que estavam com eles e me perguntaram se eu estava bem, como me sentia, se eu me lembrava de alguma coisa antes de pegar no sono. Ficamos ali conversando por muito tempo, cada um passando a sua impressão do ocorrido e foi só ai que descobri o que tinha acontecido. O círculo havia sido formado por papai, mamãe, Yasmin, o pai de Yasmin, a mãe de Yasmin, Shain e eu, mas tudo aconteceu de forma mágica, como se não pudéssemos ter evitado, cada um de nós foi se dirigindo a seu lugar magicamente, não como zumbis, pois nossas sensações foram todas mantidas, mas como se soubéssemos que era o que tinha que ser feito, e assim, cada um tomou o seu posto. Os mercadores vieram e, todos os demais membros do Acampamento cumpriram o combinado. As mulheres e crianças foram para o interior da mata, onde foram colocadas as armadilhas para evitar que os mercadores de escravos pudessem entrar por ali e como todos sabiam rigorosamente o que fazer, não sofreram nada. Os mercadores que vieram pela trilha que passava por fora do Acampamento, estavam se escondendo atrás das moitas e árvores, como se quisessem nos fazer uma surpresa. Os que vieram pelo rio, foram se esgueirando pelos barrancos, ora entrando na água, ora andando pela margem.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Os nossos homens armados de paus, espadas e punhais ficaram esperando escondidos, mas com ampla visão dos movimentos do inimigo e nos contaram que os mercadores chegaram a cerca de trinta metros do Acampamento, aproximadamente, mas não conseguiram evoluir em nossa direção. Como se houvesse uma parede, eles escorregavam e caiam batendo em algum tipo de barreira invisível e assim ficaram durante horas, tentando passar pelo que não viam. O dia amanheceu a eles continuavam tentando avançar, sem nada conseguir ou entender. Um dos homens chamou os demais e conversaram por alguns minutos, depois fizeram mais uma tentativa, só que desta vez, se dividiram em grupos e tentaram entrar por diversos pontos diferentes, sem, contudo, atingirem seus objetivos. Desistiram e foram embora.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Soube ainda que estivemos dormindo por dois dias, sendo que o primeiro a acordar foi o pai de Yasmin, depois papai, depois mamãe, depois Shain, depois eu e, Yasmin e sua mãe acordaram juntas. Naquele fim de tarde, conversei com Yasmin que também se mostrou não entender muito bem o que havia acontecido, mas estávamos felizes, pois o Acampamento havia saído ileso.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">No dia seguinte o pai de Yasmin, chamou-me juntamente com papai e mamãe em sua tenda e já se encontravam lá, sua esposa, Shain e Yasmin.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">O motivo de seu chamado foi no sentido de agradecer a cada um dos presentes pela colaboração frente à tentativa de invasão dos mercadores de escravos, porém afirmou não compreender muito bem tudo o que acontecera, mas ressaltou que o mais importante foi ter preservado a integridade do Acampamento. Lembrou-me que deveria ainda concluir meu treinamento e que não deveria jamais deixar de terminar nada que eu tivesse começado.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Nos dias que se seguiram o assunto era a tal lenda que quando perguntávamos aos mais velhos recebíamos como resposta que isso não era um assunto para as crianças e que, no momento oportuno, nós saberíamos.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">A vida foi retomando seu ritmo normal em nosso Acampamento, mas aquele assunto da lenda, ainda continuava a ser comentado pelos mais velhos do Acampamento, porém não com a mesma intensidade de antes.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Os homens que levavam os nossos produtos para serem comercializados na cidade estavam retornando ao nosso Acampamento e disseram que foram questionados quanto a pertencerem a um Acampamento de bruxos e bruxas que havia a um dia de viagem. Mas, como negassem, puderam fazer normalmente as vendas e as trocas por produtos que necessitávamos. O certo é que – nos contaram – havia uma mistura de medo e espanto, naquelas indagações e comentaram que não sabiam o que poderia acontecer no futuro, já que a curiosidade também era bastante grande.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">O mais engraçado é que eles souberam que no tal Acampamento de bruxos, houve uma tentativa de ataque de uma legião de bárbaros vindo das terras geladas e que na invasão, foi aberto um precipício a sua frente e muitos dos bárbaros morreram ao se projetarem para consumar o ingresso ao Acampamento, outra parte daquele grupo que estava em embarcações e, vinham pelo rio quando este pegou fogo dizimando a todos os que lá se encontravam.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Por mais que a rotina estivesse de volta, algumas perguntas eu tinha dentro de mim e não sabia a quem fazê-las, já que minha grande conselheira se negava a abordar o assunto da lenda comigo, mas quem poderia me explicar o que significava Yasmin ter visto meu meio-irmão com uma capa preta? Porque um Acampamento com quase trezentas e cinqüenta pessoas, somente sete o havíam de protegê-lo? Que Yasmin, mamãe e a mãe de Yasmin tinham dons eu já sabia, mas que dons possuíamos, eu, meu pai, o pai de Yasmin e meu meio-irmão? Porque houve tanta confiança dos membros do conselho e dos demais ocupantes deste Acampamento, quanto ao que realmente iria acontecer? Que mistério envolvia as nossas vidas e as vidas dos membros desse Acampamento? Por que não poderíamos saber o que dizia a lenda, se estávamos envolvidos?<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Muitas perguntas e nenhuma resposta. Yasmin e Shain sabiam tanto quanto eu e, os mais velhos não nos diziam nada.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Alguns dias mais tarde uma caravana de cerca de trinta religiosos passou por nosso Acampamento e enviou alguns dos seus para ver se dispúnhamos de alimento para os caravaneiros. Como de costume, oferecemos-lhes uma bela refeição e como já era tarde resolveram acampar nas imediações de nosso Acampamento.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Na manhã seguinte nos perguntaram se fora conosco que ocorrera o milagre acontecido na invasão de um povo estrangeiro aonde uma menina e um menino fizeram com que corressem depois que atearam fogo ao rio e abrirem um buraco imenso na terra, onde muitos dos estrangeiros sucumbiram.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Também disseram que essa estória eles tinham ouvido lá pelos lados da Jordânia e à medida que avançavam em nossa direção, essa estória ia se transformando, a ponto de ouvirem dizer que ao invés de milagre, havia sido a ação de uma menina bruxa e um menino mago e que ao invés de um grupo de estrangeiros, os inimigos pertenciam a um exercito do mal que invadira a Síria com o propósito de tomá-la para seu reino, um reino de crueldade e muita miséria, mas famoso por conquistar as terras alheias, principalmente por que era um exército muito bem armado e treinado.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Negamos tudo, mas ficamos assustados com as notícias, pois sabíamos que além de pacíficos, nós nem armas possuíamos e o pior é que precisávamos comercializar nossos produtos e uma estória dessas podia comprometer os nossos negócios na cidade.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Estranhamente os religiosos foram ficando, dia após dia, acampados próximos de nosso grupo e, volta e meia um deles se avizinhava para pedir algo e demorava mais do que o necessário para obter o que viera pedir.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Soubemos que dois deles foram até a cidade e na volta disseram que foram informados de que havia só mais um Acampamento nas imediações e este era um Acampamento tão antigo que já estava se tornando um pequeno vilarejo e que os primeiros chegaram lá, há mais de cinco anos e, portanto, não poderia ser o Acampamento do milagre ou de jovens bruxos.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Depois de mais alguns dias, se despediram e todos foram embora em direção a cidade, exatamente aonde comercializávamos os nossos produtos.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Em nossa próxima ida à cidade, partiram quatro carroças abarrotadas de nossos produtos e estimávamos que levariam uns dez dias para que retornassem com tudo comercializado, mas não foi o que aconteceu, pois no quarto dia eles chegaram sem nenhuma mercadoria, trazendo a notícia de que os religiosos afirmavam não haver qualquer bruxo em nosso Acampamento, mas um grupo de pessoas boas e puras e, portanto, se havia acontecido algo ali em nosso Acampamento, só poderia ser um milagre e, sendo assim, tudo o que fazíamos era transformado em benefício de nosso semelhante e da saúde de quem consumia nossos produtos. Afirmaram que um dos seus estava muito doente, tossindo muito e colocando placas de sangue e pus pela boca e que depois de se alimentar conosco, ele se recuperou e ficou completamente curado. Isso explicava os nossos produtos terem sido vendidos com tanta rapidez, mas ficamos preocupados com uma fama que não merecíamos, ao menos é o que ouvia das conversas de papai e mamãe, entre si e com outros adultos.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Gradativamente, foram chegando pessoas de todas as partes, dispostas a comprar os nossos produtos e ervas. Chegavam famílias com doentes, compravam produtos e depois seguiam viagem ou retornavam para o lugar de onde tinham saído. Não era como da última vez, em que ao nosso redor foi nascendo um vilarejo, mas a circulação de pessoas aqui era maior do que naquele lugar. Talvez, por entenderem que em nosso meio existiam bruxos de verdade e com medo, não se demoravam, muito conosco, mas faziam perguntas de toda sorte, como; Quem era a menina santa e milagrosa? Como era o rapaz que diziam ser um bruxo e dominava todas as forças da natureza? Como era isso? Como aconteceu aquilo? E assim, por diante...<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Nosso grupo era alegre e transmitia muita confiança, então, quando negávamos, muitos acreditavam terem sido enganados e iam embora mais rapidamente, outros, porém, não se conformavam por ter andado tanto a procura de um milagre e demoravam-se mais, mas com medo do boato de bruxaria, acabavam por ir embora.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;">Assim, a vida do nosso Acampamento foi se modificando a ponto de não darmos conta daquilo que as pessoas vinham buscar e exatamente como havia começado gradativamente a freqüência foi diminuindo, sem jamais voltar ao sossego que era antes daquele episódio.</span></span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small; font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small; font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime;">Com a diminuição de nossa paz, o assunto da lenda foi sendo deixado de lado para que não acabasse nos ouvidos dos não ciganos e, embora eu ainda não tivesse as respostas que precisava, não conseguia esquecer as minhas dúvidas.</span></span></div></h3><div><i><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;">Autor: </span><span class="Apple-style-span"><b>Julio Roberto Santos</b></span></span></i></div><div><i><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;">(Narrado </span><b><span class="Apple-style-span">pelo espírito de </span><span class="Apple-style-span">Hiago, o cigano</span></b><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;">)</span></span></i></div><div class="blogger-post-footer">Julio Lótus</div>Julio Lótushttp://www.blogger.com/profile/10223708326173460299noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-417654366690769654.post-35693085171181110702011-07-20T22:56:00.005-03:002012-03-27T22:21:12.932-03:00A Perda...<div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow; font-family: Verdana;"></span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Comecei o meu treinamento de abridor de caminhos e essa atividade me forçaria a estar ausente por diversas vezes do meu amado Acampamento, pois uma das partes mais instrutivas era a questão da sobrevivência na selva, no deserto, nos vilarejos e nas cidades.<o:p></o:p></span></span></div><span class="Apple-style-span" style="color: yellow; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Numa dessas saídas que demos, ao entrar num vilarejo algumas pessoas começaram a nos xingar e a gritar que não nos queriam lá, chamando-nos de ciganos, de uma forma como se cigano fosse algo terrível. Entramos em um estabelecimento e compramos comida e quando eu ia colocar a comida em minha boca, um senhor deu um tapa no meu prato que o jogou a alguns metros de distância e com essa atitude, a raiva tomou conta de mim e lhe dei um soco, o que fez com que acabássemos em uma briga generalizada. Eram seis ciganos - um líder e cinco aprendizes -, contra uma multidão. Gente que aparecera não se sabe de onde, mas uma verdadeira multidão.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Como resultado daquela briga, nós fomos presos depois de apanhar muito. Fomos tratados como bêbados e arruaceiros, mas depois de uma tarde e uma noite na prisão, fomos libertados com a promessa de sairmos da cidade, sem o direito de olhar para trás.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Num outro dia, eu e meus companheiros estavamos muito cansados, e resolve parar para beber água em um riacho, quando eu levantei a cabeça, vi que já estávamos cercados por cerca de vinte pessoas que queriam saber com autorização de quem estávamos em suas terras e por que bebíamos de sua água. O resultado foi mais uma noite na prisão.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Foram tantas as ocorrências em que fomos presos que não entendo como as pessoas conseguem viver bem entre elas, pois usam a natureza como se fosse propriedade particular e ainda cobram da gente por serviços que a natureza presta espontaneamente.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Em uma ocasião, um dos nossos resolveu responder a um dos homens que nos inquiriam sobre o porquê dormimos ali em seu terreno e levamos uma surra inesquecível. Alguns dos nossos tiveram que ser carregados de volta ao Acampamento de tantos ferimentos que possuíam.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">A pior das experiências ocorreu na mata. Estávamos acampados em um lugar de mata fechada e fomos acordados no meio da noite, aos chutes e pauladas sob a acusação de que havíamos invadido as terras de um senhor gordo e com cara de mau, que estava presente. Não houve possibilidade de defesa e nada pudemos dizer, pois só nos restou pegar o que podíamos e sair dali o mais rapidamente possível. Quando conseguimos nos desvencilhar daquele bando de homens, depois de muito correr, demos pela falta de Hussein.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Esperamos algum tempo e antes que o dia raiasse voltamos ao local de onde tínhamos sido expulsos, porém para nossa tristeza e surpresa, encontramos o corpo de Hussein, um jovem de apenas quinze anos, sem as suas roupas e completamente mutilado. Foi a pior cena que pude testemunhar, em vida. Estava irreconhecível, sem um dos braços, com uma das pernas voltada para trás, sem um dos olhos e com muitos sinais de facadas ao longo do corpo. Olhamos em volta e depois de muito procurar localizamos o braço dele que estava atado a uma corda e a uns duzentos metros do local de onde estava o restante do corpo. Havia sido arrancado, muito provavelmente, com ele ainda vivo. Foi uma cena horrível, indescritível e incompreensível.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">O instinto de vingança que senti foi imenso, quase insuportável, mas seguimos as instruções de nosso guia e voltamos ao Acampamento, para conversar com nosso líder, pois nós que havíamos participado daquela chacina, como vítimas, não conseguiríamos raciocinar.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Quando chegamos ao nosso Acampamento já era início de tarde e o nosso guia foi ter com o pai de Yasmin que de imediato, mandou um grupo de homens buscar o que restava do corpo de Hussein, porém os homens não encontraram mais o corpo dele e ainda quase foram emboscados por um grupo muito maior do que aquele que nos atacou. Por sorte e experiência do líder se safaram ilesos, mas voltaram para o Acampamento com as mãos vazias.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Foi um dia de muita tristeza e lamentações, onde todo o nosso grupo foi solidário aos familiares de Hussein, o meu melhor amigo, que havia partido em definitivo desta para melhor, pelo menos é o que nossa crença pregava sem, contudo, me deixar satisfeito por isso.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">No fim da tarde, não fui me encontrar com Yasmin. Não concebia perder alguém de quem gostava tanto e que nada fez de mal para merecer tal destino, além do mais, todos fomos aconselhados a esquecer qualquer tipo de vingança, pois não havia autorização do nosso líder ou do conselho.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">À noite, rolava de um lado para outro sem conseguir dormir, foi então que mamãe, percebendo minha inquietação, me chamou e pegou minhas mãos entre as suas, dando-me mais uma orientação:<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Hiago, eu sei exatamente o que sente. Consigo sentir a pulsação de seu coração e todo o transtorno que você está vivendo, mas esse sentimento de vingança não irá trazer o seu melhor amigo de volta, aliás, não há nada que possa fazer, que o traga de volta à vida. A humanidade que se diz civilizada age de forma que nós, os ciganos, não compreendemos, não aceitamos e não concordamos, mas também não há nada que possamos fazer para trazê-lo de volta. A indignação que você está sentindo é justa e tem o seu significado, porém não devemos pagar violência com violência, pois só quem perde com isso é toda a humanidade. Se nós formos violentos, qualquer outra caravana que passe por aquelas terras, sejam ciganos, ou não ciganos sofrerão as conseqüências dessa nossa violência, com mais violência. É preciso ter mais coragem para perdoar do que para se vingar e, vingança atrai vingança e sangue derramado, trás mais sangue derramado. Portanto, resta-nos apenas rezar para que esses assassinos não produzam a morte de mais ninguém e esperar que jamais fiquem impunes às leis de Deus. Afasta de teu coração esse sentimento e essa mágoa, você deve lembrar-se apenas que Hussein foi um bom amigo, enquanto viveu e que precisa de suas orações agora, neste momento, pois ele mesmo, eu tenho certeza, de que não deseja vingança.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Confesso que o ódio que senti acabou se transformando em indignação, por não poder fazer nada para restaurar-lhe a vida e jurei para mim mesmo, que faria, dali em diante, tudo o que pudesse para não deixar mais ninguém morrer, pois sabia na minha própria carne que com a morte de um, muitos outros sofrem.<o:p></o:p></span></span></div><span class="Apple-style-span" style="color: yellow; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-style: italic;">Autor: </span><b style="color: yellow; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-style: italic;">Julio Roberto Santos </b></div><address align="left" style="margin-bottom: 0px; margin-top: 0px; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">(Narrado <b>pelo espírito de Hiago, o cigano</b>)</span></address><div class="blogger-post-footer">Julio Lótus</div>Julio Lótushttp://www.blogger.com/profile/10223708326173460299noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-417654366690769654.post-17343421806204993092011-07-18T20:22:00.005-03:002012-03-27T22:22:05.297-03:00O Livre-Arbítrio...<div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange;">Mamãe sempre dizia que “<i>não há mentira que sempre dure</i></span><span class="Apple-style-span" style="color: orange;">” e foi assim que acreditei ser, na vida. Em nossos tempos livres, as brincadeiras mais duras e ou mais ardilosas onde o oponente sempre acabava chateado ou humilhado tinha o dedo de meu meio-irmão e não demorou muito para que algumas pessoas de nosso Acampamento começassem a perceber que ele não era extremamente o bom rapaz de quem todos gostavam, pois tinha um ar de maldade em algumas de suas brincadeiras e passaram a comentar com os demais que meu meio-irmão não era totalmente confiável.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Em um determinado dia, após o cumprimento de nossas tarefas decidimos por influência de meu meio-irmão brincar de esconder e ficou estabelecido que não poderíamos utilizar nada do Acampamento para nos esconder, que valia apenas a mata e o rio. Yasmin chegou a confidenciar para mim que não brincaria, por que viu um de nós envolto em sangue e ela não queria correr riscos. Achei que era bobagem e aceitei brincar.</span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange;">Combinados, passamos a nos esconder nos mais variados lugares, porém o estranho é que <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Shain</b> sempre se dirigia para a mesma direção e nunca era encontrado. Quando <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Hussein</b></span><span class="Apple-style-span" style="color: orange;"> ficou com a responsabilidade de procurar-nos já havia percebido que o único que ia sempre na mesma direção era meu meio-irmão e pôs-se a caça dele em primeiro plano.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange;">Depois de se aprofundar na mata por algum tempo deu um grito que parecia conter muita dor. Todos nós corremos na direção do grito e quando chegamos <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Hussein</b></span><span class="Apple-style-span" style="color: orange;"> se contorcia em dores e sua perna sangrava muito, pois havia caído em uma armadilha para pegar animais pequenos que utilizávamos para nos prover de caça, mas a região onde brincávamos era em um local reservado para as crianças do Acampamento, ou seja, nenhum de nossos caçadores tinha autorização para colocar armadilhas naquele ponto.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange;">Retornamos ao Acampamento carregando nos braços <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Hussein</b> e o entregamos aos curandeiros. O Pai de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Kalil</b></span><span class="Apple-style-span" style="color: orange;"> lembrou que nenhum de nossos caçadores poderia ter montado tal armadilha e que isso só poderia ser brincadeira de alguns dos jovens, já que os que não tinham a habilidade de caça, não tinham orientação para a montagem de armadilhas e, portanto não poderia ser obra de um caçador. Foi nessa hora que todos os olhos se voltaram para meu meio-irmão. Ninguém pronunciara qualquer palavra, mas todos tiveram o mesmo pensamento, eu supunha.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Outras brincadeiras do gênero foram ocorrendo e sempre alguém saia machucado por fora ou por dentro. Cansado de ver meus amigos machucados ou humilhados, perguntei a mamãe por que não havia ninguém dentre nós que não acabasse com esse tipo de brincadeira maldosa. Que embora todos parecessem saber a autoria, ninguém fazia nada. Mamãe remexeu as almofadas onde costumava se sentar para que ficassem bem fofinhas, sentou-se, fez aquele ar de sabedoria que sempre utilizava quando vinha com mais uma de suas lições e pôs-se a dizer:</span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Hiago, já conversamos muitas vezes como bons amigos e pessoas que se amam agem assim, e sempre que conversamos, nós dois sentimos que há um imenso carinho e muito respeito entre nós. Nossas conversas são sempre francas e muito honestas e eu jamais lhe diria algo que não fosse para o seu bem. Você concorda com isso?</span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Sim, mamãe.</span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Um de nossos maiores mandamentos e que respeitamos acima de qualquer outro é o livre-arbítrio. Isso quer dizer que qualquer pessoa tem o direito de escolher o que quer ou deseja ser e quais os meios que vai utilizar para chegar onde deseja. Deus nos deu esse direito e é em nome dele que nós, os ciganos, perambulamos de Acampamento em Acampamento sem nos aprisionarmos a quem ou onde seja. É uma forma de vida completamente livre, pois nós a escolhemos e quando um de nós se vai espontaneamente, alguns sofrem com sua ausência, mas não fazemos nada para detê-lo, pois cremos que ele tem o direito de escolha. No que se refere a sua pergunta, nós entendemos que cada um escolhe ser, como deseja ser e ninguém fará nada para impedir que a pessoa mude sua postura. Enquanto a convivência for pacífica e não houver um mal-estar geral em relação a qualquer pessoa, ninguém tirará o seu direito ao livre-arbítrio, pois ele foi dado por Deus e um humano, não tem o poder de tirá-lo de seu semelhante. Todos somos bons e maus, ou seja, ninguém é completamente bom, assim como, ninguém é completamente mau. Mesmo que uma pessoa se volte para o lado do mau, nós somente pediremos que se afaste de nós, pois esse é um direito que o nosso livre-arbítrio nos propicia, porém, ainda assim, não tiraremos dele o seu livre-arbítrio e sendo assim ele continuará a ter o seu direito preservado.</span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Compreendo mamãe. Yasmin viu que alguém se machucaria e resolveu não participar da brincadeira, neste caso, ela usou o seu direito ao livre-arbítrio, eu por minha vez, decidi que iria brincar e desta forma também utilizei o meu direito ao livre-arbítrio. Cada um de nós usa esse direito em cada coisa que se presta a fazer ou a não fazer. É isso?</span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Isso mesmo. Sempre a cada escolha que fazemos, nós nos utilizamos desse direito e os demais sempre respeitam as nossa escolhas. Naquela época em que você por causa do que sente por Yasmin, deixou de fazer suas tarefas, você fez uma escolha, porém o nosso grupo distribui as tarefas de forma para que cada um de nós trabalhe menos, para podermos aproveitar mais o que a vida nos dá. Sua escolha estava interferindo no bom andamento das nossas tarefas, então sua próxima escolha deveria ficar entre trabalhar ou sair do Acampamento, pois estaria interferindo no grupo todo, compreende? Nós, seu pai e eu, não o forçamos a trabalhar, mas o orientamos no sentido de que era necessário que executasse suas tarefas, porém é uma das regras para a boa convivência no grupo, então não poderíamos agir de outra forma, para não interferir no livre-arbítrio do restante de nosso grupo. Tenha isso sempre bem vivo em sua mente, pois sem isso suas escolhas não serão suas, mas sim parte das escolhas dos outros.</span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Mas, porque um dos adultos não conversa com ele para que ele pare de ferir outras pessoas?</span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Bem, nesse caso, cabe somente a mãe e ao pai dele conversarem com ele para que modere suas atitudes e não prejudique aos seus semelhantes.</span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Então, porque a senhora não fala com o papai para ele ir conversar com ele?</span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Por que eu estaria me metendo onde não devo. Cabe a mim, a sua educação e de sua irmã, exclusivamente e, seu eu falar com seu pai sobre a educação de seu outro filho, estarei interferindo em seu direito de educá-lo como ele e a mãe do menino entenderem ser a forma correta.</span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Refleti muito em todas as suas palavras e acabei por me convencer de que não poderia interferir nas escolhas dos outros, por que se eu interferisse, no final das contas estaria permitindo aos outros que interferissem nas minhas escolhas.</span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">O final de tarde havia chegado, depois de me banhar, trocar de roupa fui exercer o meu direito ao amor, pois essa era uma escolha perfeita, a mais gostosa das escolhas que eu já havia feito; Amar Yasmin.</span></div><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-style: italic;">Autor: <b>Julio Roberto Santos</b></span></span></div><address align="left" style="margin-bottom: 0px; margin-top: 0px; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">(Narrado<span class="Apple-style-span" style="font-weight: bold;"> </span><b>pelo espírito de Hiago, o cigano</b>)</span></address><div class="blogger-post-footer">Julio Lótus</div>Julio Lótushttp://www.blogger.com/profile/10223708326173460299noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-417654366690769654.post-15504345319819677272011-07-16T23:15:00.003-03:002012-03-27T22:22:42.946-03:00A Convivência...<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Na manhã seguinte, a rotina começou a ser estabelecida e as funções de cada membro do Acampamento foram retomadas, sendo que independente dos sentimentos de papai por aquela moça, a sua decisão de estar casado com mamãe seria mantida a qualquer custo por ele ser um cigano e, um cigano sempre honra os seus compromissos, até a última conseqüência.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Pacientemente o pai de Yasmin foi apresentando aos novos membros de nosso Acampamento, a cada um dos antigos componentes, também foi ensinando tudo sobre as nossas leis, os nossos costumes, os nossos métodos de trabalho e divisão das tarefas.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Destinou uma de nossas senhoras para acompanhar a mulher e seu filho em absolutamente tudo, até a sua completa adaptação e de seu filho. Estabeleceu regras para o convívio pacífico deles com nossa família e deixou claro que à papai caberia o reconhecimento do menino dentro dos moldes ciganos. Disse que ele teria um novo nome cigano, como nós tínhamos o de nascimento e o cigano e, que embora morássemos em tendas separadas, o menino teria direito a fazer algumas refeições conosco e participar de algumas atividades de nossa família.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Com o passar do tempo, todos fomos percebendo que o rapaz tinha alguns trejeitos, posturas e modos de falar como o papai e que a possibilidade de não ser um filho legítimo era muitíssimo pequena, além do mais sua aparência com o decorrer do tempo também foi se aproximando ainda mais com a de papai.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Eu acabara de completar meu décimo quinto ano de nascimento e Yasmin faria doze anos em poucos dias e, para dizer a verdade, nós nos amávamos cada dia mais. Ela era gentil e dedicada, sendo que todo tempo que possuía ajudava mamãe em suas tarefas, depois de concluir as suas próprias tarefas, é claro. Mamãe gostava muito dela também e volta e meia a presenteava com algum objeto de adorno ou com bolos e doces que fazia. Eram amigas e isso mantinha uma admiração mútua entre elas.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Nos dias em que meu meio-irmão passava conosco, Yasmin se distanciava para proporcionar-nos alguma privacidade. O rapaz foi conquistando um espaço muito grande dentro do Acampamento, pois aprendera muitas magias com muito pouco tempo, era hábil na manipulação de formulas mágicas e os seus resultados chegavam mais rápido que os resultados da maioria dos outros rapazes e moças. Era um aprendiz aplicado, um estudioso e o filho que todo pai gostaria de ter, e esse, na verdade, era o nosso grande problema.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Papai ficava babando cada vez que o rapaz era elogiado ou se referiam a ele como uma pessoa educada e muito inteligente, mas eu me lembrava sempre das lições de mamãe e não permitia que o ciúme tomasse conta de mim. Contudo, embora mamãe nada comentasse tinha certeza que ela desconfiava de alguma forma de que meu meio-irmão não era tão bondoso como parecia e nutria por ele o mesmo sentimento que eu também possuía, que era o de desconfiar sempre e, de tudo relacionado a ele.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Num determinado dia, depois de Yasmin ter completado seus doze anos, peguei os dois conversando baixinho e longe de nossas tendas, pareciam estar escondendo algo conversando assim tão baixinho, mas como eu não pude ouvir o teor da conversa, pensei em perguntar depois para a Yasmin sobre o que conversavam.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Comentei apenas com mamãe a cena que presenciei, falei de meus sentimentos e de minhas intenções de falar com Yasmin sobre o assunto. Mamãe balbuciou alguma coisa que não entendi e como estávamos caminhando, resolvi não pedir a ela que repetisse. Porém acabei ficando curioso sobre o que mamãe havia balbuciado.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Alguns dias depois, toquei no assunto com Yasmin sobre a cena que presenciei entre ela e meu meio-irmão e, ela afirmou ser imaginação minha, pois não lembrava ter ficado a sós com ele. Isso me deixou muito cismado e comentei com mamãe o que Yasmin me respondera, ela balbuciou novamente as mesmas palavras que havia mencionado na outra oportunidade e como novamente não entendera perguntei-lhe e ela me respondeu.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— A Lenda! Existe uma lenda cigana que trata de coisas que parecem com as que acontecem entre você e Yasmin, mas acho ser só coincidência e em uma outra hora qualquer eu lhe conto por ser uma lenda triste e longa. Acho que não deve se preocupar, pois como lhe disse são apenas coincidências e em nada deve ter a ver com vocês dois.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">A vida continuava em sua rotina, mas num determinado dia vi meu meio-irmão se encaminhando para a mata fechada e resolvi seguí-lo. Quando chegou em um lugar onde havia umas pedras, foi que percebi que tirou de uma espécie de bolsa um animal pequeno amarrando as patas do que parecia a distancia ser um coelho, um gambá ou uma doninha, coloco-o sobre uma das pedras e começou a rezar. Foi depois de algum tempo que entendi que aquele era um ritual, pois depois de rezar ajoelhado, cantar algo que não compreendia e dançar muito em volta das pedras e do animal, ele o sacrificou e por fim pareceu-me beber seu sangue, deixando o animal morto sobre uma das pedras menores. Não tive dúvidas, saí dali completamente apavorado e chegando ao Acampamento fui ter com a mamãe.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Depois de ouvir a minha narrativa, mamãe me repreendeu por tê-lo seguido e me pediu segredo absoluto do que lhe contara, pois tinha convicção que se eu divulgasse o que vi, ninguém acreditaria, tendo em vista que todos, indistintamente, gostavam do rapaz e o admiravam por sua grande evolução no campo da magia. Além do mais, poderiam supor que eu inventara essa história por ciúme do amor que papai dedicava ao rapaz e, sendo assim, minha invenção estaria justificada, ao menos para a consciência deles.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Aquela imagem do meu meio-irmão bebendo o sangue do animal, não me deixava em paz, mas eu havia prometido a mamãe não comentar com ninguém e foi isso o que fiz.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Muito tempo depois, o entrosamento com Shain, tinha melhorado muito, na verdade, quando eu não estava namorando, estávamos eu, Yasmin e ele, juntos, conversando, brincando ou mesmo dançando nas festas. Eu não havia esquecido a cena terrível, mas aprendi a conviver com ele, já que não encontrei mais motivos para não gostar ou desconfiar dele. A única coisa que não era comum nele era o fato de que sempre usava roupas escuras como; preto, marrom e azul escuro, quando nós os ciganos nos trajamos com roupas cheias de cores para demonstrar que amamos a vida com todas as forças de nossos corações. Mas, aprender a conviver não significava que minhas desconfianças haviam desaparecido ou que elas não me preocupavam.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 16px;"></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-style: italic;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Autor:</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> </span><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Julio Roberto Santos</span></b></span></div><address align="left" style="margin-bottom: 0px; margin-top: 0px; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">(Narrado</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-weight: bold;"> </span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><b>pelo espírito de Hiago, o cigano</b>)</span></span></address><div class="blogger-post-footer">Julio Lótus</div>Julio Lótushttp://www.blogger.com/profile/10223708326173460299noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-417654366690769654.post-21479357237791103152011-06-18T21:02:00.006-03:002012-03-27T22:23:29.550-03:00A Mudança...<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.0pt; text-align: justify;"><br />
<div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Já estávamos na estrada há muito tempo, nossas carroças sofreram muito e se quebraram no trajeto, por isso também eram responsáveis pela nossa demora em nos instalarmos, pois quebravam rodas e parávamos para consertar, os animais precisavam descansar e parávamos, se alguém passava mal, também parávamos, enfim, uma infinidade de acontecimentos nos tornava mais lentos do que pudemos imaginar, embora em nossa caravana, muitos já tinham experiências em mudanças, todos tínhamos a impressão que a viagem não teria fim.</span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Uma dessas paradas foi provocada por um acontecimento muito alegre em nosso meio, foi o nascimento de uma menina e todo nascimento é considerado uma benção em nosso povo e, mesmo sem haver chegado ao local escolhido houve muita festa. Por esse motivo ficamos ali parados por bastante tempo esperando que a mãe e a criança pudessem retomar o caminho, pois ambos seguramente tinham sofrido com a viagem até ali e com o parto.</span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">A próxima lua cheia chegou e só então retomamos o caminho rumo ao novo Acampamento. </span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Foi uma viagem dura para todos nós, mas quando menos esperávamos, havíamos chegado.</span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Era um lugar lindo, uma visão estonteante para quem gosta da natureza. Tinha um rio mais vigoroso que aquele último e parecia que as águas eram também mais velozes. Havia algo especial, o rio fazia uma curva em forma de “u” e dele saia um braço de água dentro da vegetação que formava uma pequena lagoa com a água mais clara que jamais vi, havia muitas árvores de todas as alturas e troncos de todos os portes, finos e grossos, variavam de acordo com a proximidade da água. Um pouco distante dessa maravilha, havia uma pequena cadeia de montanhas que pareciam estar ali como uma proteção, como um abraço em volta desse lugar maravilhoso. O lugar era realmente indescritível, lindo e muito aconchegante.</span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Hoje, esse lugar pertence a uma cidade chamada Dar’a, porém para nosso povo era o paraíso e foi assim, diante daquela sublime visão que começamos a retirar as coisas dos carroções e a montar nosso novo lar.</span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Foi um trabalho imenso, onde todos, indistintamente se desgastaram muito, visto que foi necessário abrir uma pequena clareira entre as arvores para proceder à instalação de nossas tendas. As arvores foram mantidas, mas o mato foi carpido e o terreno, limpo. Já era tarde da noite, quando o local ficou em condições de montarmos as tendas, mas na verdade ninguém agüentaria mais essa tarefa, que foi deixada para o dia seguinte. O clima estava quente, gostoso, uma lua majestosa brilhava no céu, iluminando aquele lugar que se tornara ainda mais encantador à noite.</span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">O dia seguinte chegou e sob as montanhas o brilho tímido do sol já anunciava uma manhã com perfil de celestial. Só então, fomos capazes que ver a real beleza. Sem dúvida alguma o lugar mais encantador que eu já vira.</span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-KEy29l3usCE/TugFZQdL7zI/AAAAAAAAALg/h2_TA-9X7_k/s1600/Dara.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="170" src="http://4.bp.blogspot.com/-KEy29l3usCE/TugFZQdL7zI/AAAAAAAAALg/h2_TA-9X7_k/s200/Dara.jpg" width="200" /></a></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">O rio parecia imenso e em alguns pontos mal se via a outra margem, a curva em forma de “u” praticamente cercava o Acampamento por um lado e de outro havia uma pequena cadeia de pequenos montes que por possuir uma vegetação de grande porte (arvores muito altas) dava a impressão de serem montanhas. Na verdade estávamos em uma planície muito rica em vegetação e com muita caça. Havia também um braço do rio que adentrava em direção ao nosso Acampamento e formava uma pequena lagoa com muitos peixes. A fartura estava por toda parte e por ser terra escura demonstrava ser um ótimo lugar para o plantio de nossas ervas. Realmente o lugar mais belo e encantador que já vi.</span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Começamos a montar as tendas e a limpar os nossos apetrechos. Foram horas árduas de trabalho forte e muito cansativo também, mas todos nós sabíamos que independente da hora em que terminássemos nosso trabalho, naquele final de dia, haveria festa.</span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">De repente, ouviram-se gritos e todos corremos em todas as direções para localizar a origem dos gritos que pareciam ser de uma mulher e uma criança. Alguém mais atento gritou que vinha do rio e muitos de nós correram até a margem e para surpresa geral realmente vimos ser uma mulher e um menino aparentemente um ou dois anos mais velho do que eu. Estavam em um barco sem remos encalhados em uns galhos de uma árvore grande que tombara dentro do leito do rio, mas não grande o bastante para que pudessem pular sobre ela e caminhar até a margem. O Pai de Yasmin era o nosso líder e ordenou para que alguém buscasse uma corda grossa e comprida o suficiente para alcançá-los.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">A corda demorou uma eternidade, mas quando chegou papai a amarrou em sua cintura e se lançou no rio uns 50 metros acima, para que a correnteza o levasse ao ponto em que o barco estava enroscado. Assim que chegou, segurou no galho da árvore e parecia ter-se tornado estático olhando para a mulher. Demorou um longo tempo de completa inatividade e nós aqui da margem, não conseguíamos entender o motivo da demora. Foram emitidos muitos gritos para que fizesse alguma coisa, mas nada parecia retirá-lo daquela morbidez, até que um estalo no tronco principal da árvore e o conseqüente medo de perder a possibilidade de resgate, o trouxe novamente a realidade e, ele agarrou o menino, sendo que mal o colocou em seus ombros e a mulher em profundo desespero se lançou na água em sua direção, agarrando em seu pescoço. Pura questão de sorte, pois com o movimento da correnteza aliado ao impulso que a mulher dera para saltar na água, fez com que a árvore quebrasse de vez numa rachadura que tinha no caule, próximo da margem do rio e o barco com o que restava da árvore começara a descer o rio. Os homens que seguravam a corda pediram a papai que não se movesse, pois a força da correnteza contra o corpo dos três os traria para a margem, um pouco abaixo de onde estávamos. Dito e feito e o resgate foi realizado com sucesso.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Salvos, tiveram suas roupas encharcadas trocadas e foram aquecidos, assim como também papai também foi. Antes que lhes perguntássemos coisas a seu respeito e o que acontecera, para estar no rio sem remos, papai reuniu nosso povo em volta dos resgatados e contou-nos a seguinte história:<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Quando não estava ainda casado é do conhecimento de todos que muitas vezes, deixei nosso Acampamento para perambular por caminhos diversos e numa dessas viagens, encontrei <b>Yonah</b>, por quem me apaixonei e tivemos um caso por algum tempo. Porém, ela tinha um namorado e estava com seu casamento marcado e por não conseguir convencê-la a se juntar a nós, parti sozinho de volta ao nosso Acampamento e nunca mais a vi. Depois fui me aquietando e acabei por gostar da mulher que me havia sido prometida desde o seu nascimento e, como todos já sabem nos casamos, estamos muito felizes juntos, além do que possuímos uma linda família que muito nos orgulha.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">A mulher se levantou e disse-nos:<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Esse é meu filho, <b>Shain</b> e é seu filho também, apontando papai. Logo que você partiu descobri que estava grávida e como não sabia onde encontrá-lo, resolvi ter meu bebê e criá-lo sozinha, com a ajuda de meus pais, porém essa gravidez revoltou minha família que me expulsou de casa. Tentei encontrar apoio em meu namorado que simplesmente me ignorou e me abandonou a minha própria sorte.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Durante o restante de minha vida, tenho procurado por diversas caravanas de ciganos sem ter obtido sucesso algum, até agora. Porém, percebo que dediquei tempo demais a sua procura, pois já constituíste uma família e certamente não me vai querer ter por perto, ainda mais com uma criança, que não poderei provar que é seu e nem que esta é uma história verdadeira. Demorei muito e assim que nos recuperarmos de toda a agitação pela qual passamos com o barco lá no rio, vamos agradecer os seus cuidados e iremos embora.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Mas o pai de Yasmin tomou a palavra e disse que se alguém tivesse algo contra, que se manifestasse naquele momento, porque ele iria convidar a mulher a se juntar ao nosso grupo, já que havia a possibilidade do menino ser um cigano legítimo e, dos nossos. Todos se calaram e nenhum som foi ouvido por algum tempo a não ser o barulho do rio e o do vento nas árvores. Com isso o convite foi consumado e a mulher acabou aceitando a hospedagem, embora tivesse comentado que seria apenas temporariamente, porém em nosso íntimo, todos nós sabíamos que seria uma junção definitiva. Foi uma decisão generosa do pai de Yasmin que acabara por poupar uma decisão extremamente difícil ao papai.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Concluída a montagem das tendas e tudo devidamente em seu lugar, foi iniciada a festa, no princípio da noite. Foi uma noite muito alegre para a maioria, mas longa e muito penosa, ao menos para mim e também para mamãe, principalmente pelo fato de que o menino era muito parecido com papai, mais parecido com ele do que eu mesmo.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><i>Autor: <b>Julio Roberto Santos</b></i></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><i>(Narrado <b>pelo espírito de Hiago, o cigano</b>)</i></span></div></div><div class="blogger-post-footer">Julio Lótus</div>Julio Lótushttp://www.blogger.com/profile/10223708326173460299noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-417654366690769654.post-28975498224871682212011-02-27T11:06:00.015-03:002012-03-27T22:24:56.959-03:00A Cobiça...<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: magenta; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">O conselho estava reunido e soube que falariam da mudança de lugar do acampamento entre outros assuntos. Nosso líder parecia preocupado já há alguns dias e isso inquietava a todos.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: magenta; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: magenta; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Depois de muito tempo de reunião, fiquei sabendo que mudaríamos efetivamente, mas pelo menos desta vez seria uma mudança tranqüila e com bastante tempo para procurar o lugar ideal.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: magenta; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: magenta; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Estava próximo do dia em que faria quatorze anos e eu preferia que a festa fosse aqui, neste lugar, onde descobri o amor que sentia por Yasmin. Um lugar que jamais esquecerei. Cheio de encantamento e magia, onde o sol surge lá no alto da montanha e se põe como que estivesse entrando por dentro do riacho e promove um espetáculo de cores como nenhum outro lugar, eu supunha, que teria. Onde a lua dá um verdadeiro show, com sua aparência singela e estonteantemente bela. Onde o cheiro do mato é adocicado e a brisa que sopra a noite traz o perfume das mais diversas flores. Um lugar que de tão mágico foi capaz de fazer uma verdadeira transformação em mim, pois foi aqui que me tornei homem, foi aqui que me descobri amando e o amor que se instalou em mim é uma poderosa fonte de energia, capaz de mover céus e terras, rios e montanhas. Um amor que me fez descobrir que amar é realmente muito bom, mas é fundamental se sentir também amado. Jamais poderei esquecer este lugar e tenho a certeza que a natureza que está aqui, jamais testemunhará um amor tão bonito e tão intenso.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: magenta; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: magenta; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">No dia seguinte alguns dos nossos "abridores de caminho" começaram a planejar a sua partida, um subiria o riacho, outro desceria o riacho, outros optaram por irem em outras direções, mas o fato é que estávamos de mudança e todos indistintamente estávamos trabalhando muito mais para podermos mudar com segurança e tranqüilidade.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: magenta; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: magenta; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Alguns dias depois todos os homens que haviam partido, já tinham retornado e realizaram uma nova reunião para decidir qual o nosso destino. Algumas horas depois, decidiu-se que todos os homens iriam conferir o lugar que Kalil, um jovem de dezesseis anos encontrara. Por ser muito jovem ainda e, por ser a primeira vez que partiria sozinho em busca de um novo acampamento, decidiram por irem todos conferir o lugar por ele descrito e, caso as suas informações se confirmassem, seria para lá que mudaríamos.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: magenta; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: magenta; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">O pequeno vilarejo próximo ao acampamento já comentava que partiríamos e muitos estavam tristes por nossa mudança, porém alguns já disputavam de alguma forma, a nossa horta, o nosso pomar e todo o espaço que ainda ocupávamos. Era tamanha a discussão de quem ficaria com o que, que várias vezes por dia o nosso acampamento era invadido pelos não ciganos que se demoravam ali, nas suas escolhas.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: magenta; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: magenta; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Mais alguns dias e os homens retornaram com a notícia que o lugar era realmente tudo o que Kalil nos havia transmitido e ficou decidido pelas anciãs que partiríamos no início da lua nova, para trazer muita sorte para todos de nosso acampamento.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: magenta; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: magenta; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Na primeira noite de lua nova fizemos uma festa inesquecível, uma festa capaz de suplantar todas as demais já realizadas por nosso povo. Tudo era farto, tudo era muito mais alegre e tudo era muito mais divertido. A festa durou a noite toda e com os primeiros raios do sol, desmontamos as tendas e como os carroções já estavam arrumados, nos pusemos em movimento.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: magenta; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: magenta; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Tão logo a nossa caravana começou a se movimentar, o povo do vilarejo invadiu o lugar onde estivemos até a poucos minutos e começaram uma verdadeira batalha para a ocupação de locais que consideravam bons para si. Algumas de nossas carroças ainda iniciavam seus primeiros movimentos e os homens e mulheres, não ciganos já se debatiam ferozmente para conquistar um espaço. Houve até agressões físicas a alguns dos nossos que ainda saíam do lugar ocupado por eles, até então. Algumas carroças foram apedrejadas por estarem demorando muito para se movimentar. Não fossemos um povo realmente pacífico e teríamos ido tomar satisfação ou mesmo revidar essas agressões.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: magenta; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: magenta; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Quando nossa carroça estava à cerca de duzentos metros do antigo acampamento vi um homem dar uma facada em outro e pude perceber a camisa dele mudar de cor rapidamente. Devia ser o sangue do que fora agredido, que manchando sua camisa, a fizera mudar de cor. Foi horrível, uma cena para também jamais ser esquecida. Afinal, fazia poucos minutos que havíamos saído e um lugar tão mágico cheio de beleza e muito amor se transformara em um campo de batalhas, com sangue e agressões e muito desrespeito ao ser humano. Que crueldade! Havia tanto espaço e uma natureza farta e aquelas pessoas não conseguiam ver, só enxergavam a si próprios, o seu benefício e, aquilo que a natureza tão gentilmente nos emprestara, eles queriam tomar posse, como se fosse realmente propriedade deles.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: magenta; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: magenta; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Não sabem que a natureza existe para ser útil e alegrar a vida dos homens? Que ninguém pode ser dono dela? Que podem até destruí-la, mas jamais a terão em seus pertences? Que se não cuidarem bem dela acabarão por sucumbir? Que espírito pode ter um homem que se lança em uma luta feroz para possuir o que jamais lhe pertencerá, que está ali em benefício de todos e de toda a humanidade?</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: magenta; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: magenta; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Mamãe percebendo o meu olhar triste e de indignação disse-me:</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: magenta; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: magenta; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Esse sentimento de posse desmedido e desregrado, chama-se "cobiça". Esse também é um sentimento que pode levar o homem a ficar doente, a mesma doença que pode acometer um homem ciumento, como já lhe falei. A cobiça cega o homem e o torna mal, muito mal. Faz com que esqueça seus princípios morais e o leva a querer mais, muito mais. Pode destruir a sua própria vida achando que está fazendo o bem acumulando bens materiais e fortuna, sendo que na maioria das vezes o que consegue é às custas do sacrifício alheio, da humilhação, do roubo e da degradação do próprio homem e da natureza. É também uma doença de difícil recuperação, onde a tendência natural é que sempre saia perdendo, mesmo achando que está ganhando ele estará perdendo, pois estará destruindo nosso bem mais querido, a vida. A cobiça também foi condenada pelo maior e melhor de todos os homens, o "Filho de Deus".</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: magenta; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 16px;"></span></span><br />
<div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: magenta; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><i><br />
</i></span></span></span></div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: magenta; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><i>Autor: <b>Julio Roberto Santos</b></i></span></span></span></div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: magenta; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><i>(Narrado <b>pelo espírito de Hiago, o cigano</b>)</i></span></span></span></div></div><span class="Apple-style-span" style="color: magenta; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> </span></div><div class="blogger-post-footer">Julio Lótus</div>Julio Lótushttp://www.blogger.com/profile/10223708326173460299noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-417654366690769654.post-36469719129236668822011-02-27T10:39:00.004-03:002012-03-27T22:25:54.519-03:00O Ciúme...<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Já se formava um pequeno vilarejo próximo ao nosso acampamento, afinal do outro lado da margem do riacho era uma rota de caravanas de todos os tipos; mercadores, viajantes, pensadores, profetas, etc...</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Algumas dessas famílias que ali se alojaram estavam interessadas em comercializar seus produtos, outros se instalaram por que buscavam a melhoria de sua saúde que as nossa ervas proporcionavam, outros ainda estavam lá pela riqueza da fauna e flora. Havia muita caça e muito peixe e havia também a nossa plantação que fornecia uma imensa quantidade de alimentos e onde há fartura, certamente há quem a consuma.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Num determinado dia chegou ao vilarejo uma caravana de mercadores eram uns dez carroções repletos de todo tipo de mercadoria. Temperos, grãos, sementes, tachos e vasilhas de metal e cerâmica, ferragens de todo tipo, tapetes, peles e bugigangas que não serviam para nada e outras de utilidade duvidosa.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">No dia seguinte à chegada da caravana de mercadores, uma das crianças da caravana ficou ardendo em febre e sua mãe veio até o nosso acampamento, procurar ajuda de nossa anciã curandeira. A menina foi removida até nosso acampamento e sua mãe se instalou temporariamente entre nós, utilizando-se de uma tenda de um dos nossos, para esperar pela completa recuperação da menina, já que esse, havia sido o conselho de nossa anciã.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Em cerca de três dias a menina começou a mostrar sinais de melhora e passou a receber a visita de outros de sua caravana e foi numa dessas visitas que um rapaz magro, de pequena estatura e cerca de uns quatorze anos, portanto mais velho do que eu, se aproximou de Yasmin para conversar.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Os dias foram passando e eu percebi que o rapaz ficava cada visita mais tempo em nosso acampamento, porém ficava mais tempo conversando com Yasmin do que ficava com sua irmã (a doente). O Interesse nela estava muito claro, porém eu havia aprendido que ao receber um estranho em nosso acampamento devíamos fazê-lo com cortesia e muita desconfiança e sabia também que os mais velhos já estavam de olho no rapaz. Mas a situação das visitas não poderia ser alterada, então eu pensei que como a melhora da irmã do rapaz era acentuada, ele certamente logo iria embora e pararia de me incomodar.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">No dia em que a menina se recuperou totalmente, ela e sua mãe partiram para se juntar a caravana do outro lado do riacho e imaginei que certamente não os veria mais. Tremendo engano... No dia seguinte, mais ou menos na mesma hora de sempre o rapaz estava lá, de volta ao nosso acampamento e com umas flores na mão. Olhei em volta e não havia um só homem e uma só mulher que ali, naquele momento, não estivesse encarando o rapaz, mas ele acostumado a visitar todo tipo de gente não se importou com os olhares e se dirigiu para a tenda da família de Yasmin. Chamou-a e lhe entregou as malditas ervas, ela por sua vez as cheirou, agradeceu e voltou para a tenda, sendo que o rapaz ainda permaneceu por algum tempo, ali parado como que esperando mais alguma coisa, porém ele logo se deu conta que era alvo de todos os olhos disponíveis de nosso acampamento e se retirou silenciosamente.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">No fim da tarde, como de costume, fui ao riacho me encontrar com Yasmin e resolvi lhe perguntar:</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Por que você recebeu as flores daquele estranho? Por que não as jogou fora no momento em que ele as ofereceu a você?</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Ora Hiago, o jovem só estava sendo gentil e não havia motivo para que tivesse que ser indelicada com ele.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Indelicada? Ele invade nosso acampamento com um amontoado de ervas daninhas nas mãos as oferece a você, a minha prometida e, você acredita que seria indelicado não aceitar um presente desses de um estranho? Será que não percebeu o olhar de condenação de todos de nosso acampamento?</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— O rapaz só quis ser gentil e além do mais, ele não invadiu o nosso acampamento, pois já esteve aqui outras vezes e sempre foi bem recebido por todos nós.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Aquela discussão levou todo o tempo que dispúnhamos para ficarmos juntos e acabou não dando em nada, pois Yasmin achou normal a "gentileza" do rapaz e embora eu tentasse não consegui convencê-la de que aquela atitude dele havia sido completamente desnecessária. Se ele queria agradar alguém por que não entregou aquele mato para a anciã que curou sua irmã?</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Outros dias se passaram e sempre o rapaz voltava ao nosso acampamento para conversar com Yasmin. Muitas vezes a cumprimentava e ia embora outras vezes ele chegava a ficar conversando por algum tempo e depois ia embora. Isso certamente seria normal se Yasmin não estivesse prometida a alguém, mas estava e era a mim que a haviam prometido. Não tive dúvidas, ao invés de ficar discutindo com Yasmin - o que já ocorrera muitas vezes - passei a planejar um jeito de me livrar daquela visita constante e inconveniente.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Esperei por ele na ponte de madeira que as pessoas utilizavam para atravessar o riacho e quando ele foi atravessar soltei um tronco que eu havia amarrado com uns cipós no topo de uma das arvores e como um pêndulo o tronco bateu na ponte e o rapaz perdeu o equilíbrio e caiu dentro da água. Foi muito divertido vê-lo ensopado e com a roupa coberta de lama voltando para sua caravana.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Todos souberam do ocorrido, mas nada me falaram a não ser Yasmin que me criticou e defendeu o "pobre rapaz". Mas essa discussão com Yasmin resultou em uma briga feia que fez com que eu tomasse a atitude de não ir mais ao encontro dela nos finais de tarde, pelo menos por um tempo, eu imaginava.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Vigiava cada passo e movimento das pessoas da caravana dos mercadores com muito cuidado e muita atenção, mas não dispunha de todo o tempo, pois eu tinha as minhas tarefas e não poderia deixá-las de lado. Mas um dia percebi uma movimentação diferente na caravana, por que os seus ocupantes não desfizeram a carga dos carroções, como toda manhã. Todo o material que possuíam estava guardado e assim permaneceu. Um pouco antes de mamãe nos chamar para o almoço, vieram ao nosso acampamento os pais, a menina que estava recuperada e seus dois irmãos, sendo que um deles, o mais velho era o tal engraçadinho que não desgrudava de Yasmin. Dirigiram-se a tenda da curandeira e lá ficaram por algum tempo, porém o rapaz foi direto ter com Yasmin e lhe disse que estava indo embora e se ela quisesse ele voltaria depois de algum tempo para buscá-la, por que tinha amor por ela e sabia que ela também tinha amor por ele.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Um silêncio nunca ouvido havia tomado conta do acampamento, todos, absolutamente todos pareciam ter ouvido o convite e estavam fixados no rapaz, mesmo quem estava dentro de sua tenda saiu para fitá-lo, até seus pais saíram da tenda da anciã curandeira para admirar aquela ridícula cena de amor e nosso líder então falou em nome de todos nós:</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Esse acampamento acolheu ao senhor e sua família num momento em que precisavam de ajuda, acompanhamos com muito zelo a recuperação da moça que é sua irmã e sempre os recebemos bem, mesmo depois dela ter sido curada. Acreditamos que o senhor não quis ofender a esse acampamento com um convite absurdo como o que acaba de fazer, mas pedimos que o senhor reúna-se com os seus e retome seu caminho imediatamente. Nada lhes foi tirado e nada que possuímos lhe interessa, então façam o favor de retirar-se agora, enquanto são bem vindos neste acampamento. Reúna-se com seus pais e irmãos e vão agora, afinal nada mais têm a fazer por aqui.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">O resto daquele dia o acampamento permaneceu em silêncio, não houve o corre-corre das brincadeiras das crianças, o vozerío das mulheres do acampamento que sempre falam muito alto, o barulho feito pelos homens que moldam os metais e a música que acompanha o dia-a-dia do acampamento, nada foi ouvido, somente o som do vento passando entre as árvores, o barulho das águas do riacho, o canto dos pássaros, das aves e rugido dos animais. O som da natureza era o som ouvido.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Caiu a noite e o acampamento continuou em silêncio e fui dormir ouvindo como raras vezes ocorreu, o som da natureza.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Assim que amanheceu decidi conversar com mamãe sobre o estranho sentimento que senti durante a permanência da caravana dos mercadores e, ela me ouviu descrever a imensa dor que senti em absoluto silêncio, como se respeitasse a minha dor. Quando terminei a minha narrativa ela disse:</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— O sentimento que tomou conta de você durante esse tempo todo é chamado de ciúme. Ele é portador de notícias sempre muito ruins e tristes, não há conhecimento de que esse sentimento tenha causado bem a nenhum dos lados; a quem sente o ciúme e a quem é o objeto do ciúme. Raramente histórias de ciúmes terminam em paz, em sua maioria são histórias sangrentas onde paira um clima fúnebre e a morte é eminente. Quando não há morte a violência que se apresenta é notória e alguém acaba ferido. Mesmo que não haja feridos físicos, sempre há feridos emocionais e, em sua maioria essas feridas emocionais não se curam e deixam marcas profundas que acabam por destruir pessoas e relações. Enfim, é um dos mais cruéis sentimentos da humanidade, que por vezes levam a uma doença que se chama "insanidade" e por outras deixam lares despedaçados e corações mutilados.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Significa que posso estar doente?</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Não, meu filho. Seu comportamento não foi o de quem pode ficar acometido pela doença causada pelo ciúme, mas é preciso se preocupar sempre em manter o controle para que o ciúme não venha a destruí-lo, já que pode se transformar em uma doença. É necessário não permitir que o ciúme assuma o comando de sua vida, pois é um mal que depois de instalado dentro da pessoa é de muito difícil recuperação. Quando você fez a armadilha na ponte não pensou na hipótese de que algo podia dar errado e você ao invés de acertar a ponte poderia ter acertado o rapaz e tê-lo deixado machucado ou coisa ainda pior. É assim que o ciúme age, inibe o raciocínio humano, a pessoa fica cega e só consegue pensar em se livrar daquele que o ameaça. Em muitos casos pode levar à morte de algum dos envolvidos como eu já lhe disse e, isso é uma agressão a liberdade.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Como assim?</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Nós os ciganos, somos os maiores defensores da liberdade humana. Acreditamos que o ser humano nasceu para ser livre e defendemos essa idéia com a nossa própria vida, se for preciso, então, não podemos aceitar que alguém seja dono de outra pessoa. O ciúme é um sentimento de posse, onde quem o sente acha que tem o direito total sobre a vida de outra pessoa e isso não é verdade. Nascemos para sermos livres e é assim que devemos ser. Ninguém pode ser dono de outra pessoa, pois nascemos livres e vivemos para a liberdade, portanto, o ciúme deve ser encarado como um dos nossos maiores inimigos.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Aqueles que sentem ciúme podem ser curados?</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Sim, quando se trata de sentimentos ruins, todos eles podem ser curados ou pelo menos tratados. O que quero dizer é que um sentimento que faça sofrer é sempre ruim e pode e deve ser tratado. A conversa com alguém de nossa confiança, ajuda a ir gradativamente moldando esse sentimento para que ele deixe de ser nocivo. Agora estamos conversando sobre o ciúme e sei que você sairá daqui bem melhor. Talvez sejam necessárias outras conversas nossas sobre esse sentimento ruim, mas ao conversarmos, nós faremos com que esse sentimento ruim esteja sempre sob controle e não o faça sofrer. Sempre que possuir um sentimento que o faça sofrer deve procurar alguém de sua confiança para conversar. Essa é sem dúvida uma forma tranqüila de manter qualquer sentimento ruim sob controle.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Deveríamos ter conversado antes de eu montar aquela armadilha, não é mesmo?</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Isso poderia ter evitado que você corresse um risco desnecessário e que poderia ter conseqüências desastrosas.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Uma outra coisa ainda não entendi. Porque o silêncio em nosso acampamento depois do acontecido com o rapaz e Yasmin.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Sempre que somos forçados a pedir para alguém se afastar de nós, ou sempre que nos sentimos ofendidos é preciso que avaliemos onde foi que erramos. Raramente alguém agride outra pessoa se esta não errou em alguma coisa. Nesse caso específico, o rapaz tentou levar uma das nossas e o pior é que é uma moça comprometida e como tal merece respeito. Acontece que Yasmin por ser ainda uma criança, não percebeu as intenções do rapaz e nós, os mais velhos, falhamos por não ter percebido que aquela aproximação poderia ir tão longe. Todos erramos, e estamos refletindo sobre isso. Para que no futuro não erremos mais.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">A lição ensinada com amor é sempre bem aproveitada, e foi assim que mamãe me passou o seu conhecimento sobre liberdade e ciúme. Uma lição que jamais esqueci.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: purple;"><br />
</span><br />
<div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><i><br />
</i></span></span></div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><i>Autor: <b>Julio Roberto Santos</b></i></span></span></div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="color: purple; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><i>(Narrado <b>pelo espírito de Hiago, o cigano</b>)</i></span></span></div></div></div><div class="blogger-post-footer">Julio Lótus</div>Julio Lótushttp://www.blogger.com/profile/10223708326173460299noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-417654366690769654.post-39833005156801500492011-02-27T10:21:00.007-03:002012-03-27T22:27:53.662-03:00O Castigo...<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: blue; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Alguma coisa ocorria em relação aos meus sentimentos e não sabia bem o que poderia ser, afinal eu tinha quase treze anos e Yasmin tinha quase dez anos, porém ela aparentava em quase tudo ter a minha idade e em algumas coisas, parecia ainda mais velha. Por diversas vezes, fui chamado à atenção por realizar as minhas tarefas de qualquer jeito ou por não prestar a atenção que os anciãos mereciam enquanto me ensinavam. Isso estava incomodando tanto a mamãe quanto a papai e embora não me castigassem pela minha aparente displicência, estavam ficando visivelmente nervosos com o passar do tempo. Eu precisava me vigiar mais para não ser advertido e para não aborrecê-los.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: blue; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: blue; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Nosso romance tomava corpo junto aos nossos, mesmo porque ela havia sido prometida a mim, mesmo antes de nascer, assim como eu tinha sido prometido a ela. Todos o sabiam e todos respeitavam incondicionalmente os votos feitos por nossos pais, porém percebi que os anciãos estavam como que incumbidos de me fazer prestar mais atenção as minhas coisas, na verdade estavam me cobrando "responsabilidade". Por que eu tinha pouco tempo para assimilar tudo o que podia sobre magias, banhos, ervas, cristais, cores, oferendas, fases da Lua, entre outras coisas a que os ciganos se dedicam.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: blue; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: blue; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Quando completasse quatorze anos estaria mais voltado para outros tipos de aprendizado como; caça, pesca e abridor de caminhos, aquele cigano que em época de mudança de acampamento, vai a frente da caravana em busca de um lugar ideal para acampar. Restava-me, portanto, pouco tempo e muita coisa para aprender. Mas na verdade eu não me controlava, pensava mais e mais nela, a cada novo dia e não via a hora de estar com ela, às vezes, simplesmente por estar com ela. Se bem que muitas vezes, ficávamos trocando informações sobre o que tínhamos aprendido sobre os mistérios da natureza e de nosso povo. Bem, o certo é que qualquer motivo era bastante justo para estarmos juntos.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: blue; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: blue; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Nossos encontros a margem do riacho já não eram suficientes, e procurávamos vez por outra, ficar a sós em outro lugar, onde pudéssemos nos tocar e trocar carícias que não tínhamos coragem de trocar em frente a outras pessoas. Ainda hoje eu não entendo muito bem o por que, uma vez que o amor é conhecido de todos e todos passam por ele. Mas saímos muitas vezes sorrateiramente para nos abraçar e beijar e apertar o outro contra o peito, por longos e intermináveis instantes de pura magia.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: blue; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: blue; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Num desse dias, ao chegar no acampamento, fui severamente advertido por ter esquecido de dar comida aos animais que estavam sob a minha responsabilidade e num ímpeto de fúria, meu pai chegou a proibir de me encontrar com Yasmin até a próxima Lua cheia e acabáramos de sair de uma lua cheia, isso parecia uma eternidade e eu, não poderia concordar com tamanha injustiça.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: blue; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: blue; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Durante os três dias seguintes, executei rigorosamente todas as minhas tarefas e nas horas vagas pensava em uma maneira de fugir do acampamento, mas como iria fugir do acampamento e levar Yasmin comigo? Não poderia deixá-la e não sabia como poderia levá-la. Como iríamos caçar, pescar e sobreviver? Mas a idéia não me saía da cabeça e já articulava planos e mais planos para realizar a nossa fuga de forma que quando dessem por falta de nós, já estivéssemos do outro lado do mundo. Cheguei até a pensar em fugir, primeiro e depois voltar para buscar Yasmin. Bem, a verdade é que voei muito alto em minha imaginação e cheguei a criar planos incapazes de execução.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: blue; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: blue; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">No final do terceiro dia papai me chamou e junto com mamãe e minha irmã, me fez prometer que eu teria mais atenção às minhas tarefas e, ao meu aprendizado e me libertou do castigo. Disse-me ainda, que iriam, ele e mamãe, conferir tudo o que eu realizasse antes de permitir que eu fosse ter com Yasmin.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: blue; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: blue; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Senti-me aliviado em não precisar por em prática nenhum dos meus planos de fuga.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: blue; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">No fim da tarde do dia seguinte, mamãe verificou tudo o que me dera por tarefa e me liberou para ir ao riacho.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: blue; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: blue; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Quando cheguei, Yasmin já esperava por mim e depois de um longo abraço, ela me perguntou:</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: blue; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: blue; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Hiago, você fugiria mesmo que tivesse que ser sozinho, para depois vir me buscar? Teria coragem de me deixar aqui lhe esperando? E se algo lhe acontecesse e você não pudesse mais voltar?</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: blue; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: blue; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Neste momento, eu não conseguiria responder, só pensava em abraçá-la e tê-la junto a mim. Nada do que planejei, tinha mais valor e nada, nada mesmo valia mais a pena do que estar ali, junto a ela, abraçados, como se fossemos uma só pessoa... Uma só vida... Uma só alma...</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: blue;"><br />
</span><br />
<div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="color: blue; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><i><br />
</i></span></span></div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="color: blue; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><i>Autor: <b>Julio Roberto Santos</b></i></span></span></div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="color: blue; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><i>(Narrado <b>pelo espírito de Hiago, o cigano</b>)</i></span></span></div></div></div><div class="blogger-post-footer">Julio Lótus</div>Julio Lótushttp://www.blogger.com/profile/10223708326173460299noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-417654366690769654.post-80334599336074990762011-02-27T09:59:00.009-03:002012-03-27T22:26:52.537-03:00A Tempestade...<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: cyan; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Acordei com uma barulheira assustadora e logo imaginei que o acampamento estava sendo atacado por gadjos e nosso povo nem tivera tempo de me acordar, mas o estranho é que não havia gritos, sons de agressão ou coisas que poderiam me levar a pensar que realmente o acampamento estivesse sendo atacado. Levantei sorrateiramente e nas pontas dos pés me dirigi a porta da tenda. Entreabri lentamente a tenda e espiei o lado de fora, muita gente agitada e correndo de um lado para o outro, tudo que meio desordenado, sem sentido, sem rumo e sem motivo aparente. Resolvi então, me trocar e sair da tenda a procura de mamãe.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: cyan; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: cyan; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Assim que saí, pude perceber o motivo de tanta balburdia, o céu estava escurecendo muito rapidamente e meu povo se mexia para guardar as suas coisas rapidamente, pois a chuva que se aproximava não seria uma chuvinha banal, o que fazia com que os adultos, principalmente as mulheres falassem alto e desordenadamente. Poucos minutos depois, o silêncio era tremendo e o único som que se escutava era o do vento forte cortando a vegetação e zumbindo com vontade, um tanto assustador para uma criança, não para mim que já não era nem criança, nem um homem feito, ainda, mas que não demoraria muito para me tornar um homem.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: cyan; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: cyan; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Pois é, o vento soprava cada vez mais forte e eu pensei que algumas das tendas poderiam não agüentar, voltei-me para a minha tenda e vi papai reforçando as amarras da tenda e mamãe estava guardando algumas coisas em nosso carroção que ficava ao lado de nossa tenda. Pensei em Yasmin e corri em direção a tenda dela, mas tudo já estava providenciado, seu pai acabara de reforçar as amarras e sua mãe já estava com ela e seus irmãos dentro da tenda. Tive juízo e retornei para minha tenda.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: cyan; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: cyan; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">A esta altura o céu já estava escuro, como a noite, porém sem o maravilhoso encanto do brilho da lua. Era cedo e já tão escuro, não me lembro de ter visto o céu tão negro em nenhuma outra manhã. Do nada comecei a prestar a atenção no barulho ensurdecedor dos trovões que pareciam estar cada vez mais próximos e, o vento cada vez mais forte, já derrubava pequenas árvores e arrancava arbustos levantando-os até alguns metros do chão. Mamãe abraçou-me e a minha irmã, num abraço só, forte e apertado. Olhei em volta e não vi papai, então perguntei por ele a mamãe e, ela me informou que estava com outros homens verificando as amarras de outras barracas, os carroções e os animais. Havia algumas mulheres que tinham perdidos seus maridos em acampamentos anteriores e que precisavam da ajuda de nossos homens para enfrentar algumas adversidades.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: cyan; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: cyan; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Minutos depois a água começou a cair tão forte que parecia que alguma coisa lá em cima tinha-se partido, vi quando papai entrou correndo na tenda, completamente encharcado e disse a mamãe:</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: cyan; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: cyan; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Fizemos o que pudemos, agora só nos resta esperar e agradecer pela chuva que não caía há alguns dias. Afinal, precisávamos dela e ela veio. Vamos pedir a Deus que o estrago não seja grande e agradecer pela chuva tão necessária.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: cyan; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: cyan; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Durante toda manhã a chuva não diminuiu seu ritmo e sua fúria e por diversas vezes papai saiu da tenda para acudir outras pessoas, tanto que dentro de nossa tenda já estavam duas outras famílias a de Hussein e a de Neftah, assim eu supunha, que em outras tendas também haviam se juntado outras famílias cujas tendas não agüentaram o temporal. Muita gente falava em voz alta do lado de fora e eu imaginava que estavam sem suas tendas. Alguns gritos de pessoas que pareciam feridas e outras que pediam por socorro. Mamãe também saiu de nossa tenda algumas vezes e voltava sempre muito molhada.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: cyan; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: cyan; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Eu pensava em Yasmin, será que sua tenda estava agüentando aquela chuva sem tamanho? Será que ela estava bem? Será que ela estava pensando em mim? Que tortura... O que me acalmava é que sabia que nosso povo era muito unido e qualquer problema que um de nós tivesse, todos ajudariam e superaríamos o obstáculo rapidamente. Mas meu pensamento estava em Yasmin e por mais que tentasse desviá-lo, não conseguia. Eu a amava e nada poderia mudar isso. Portanto as minhas preocupações com ela sempre teriam sentido e razão de ser, afinal era o grande amor de minha vida e nada nem ninguém mudaria isso.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: cyan; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: cyan; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">De repente, o dia começou a clarear, a chuva ainda era forte, muito forte, mas o dia já clareava, os raios e trovões que ouvimos durante horas, estavam se afastando e não parecia que poderiam voltar. A chuva começou a diminuir o seu volume e foi gradativamente ficando mais fraca.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: cyan; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: cyan; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">O sol foi timidamente aparecendo entre as árvores e a garoa que caía já não assustava. Algumas pessoas já começavam a se movimentar do lado de fora da tenda e papai, também saíra. Mamãe consentiu e eu também saí para ver se alguém precisava de ajuda. Tomei um susto, o que vi me deixou muito preocupado, pois muitas tendas tinham simplesmente desabado e restavam apenas pouco mais da metade delas, em pé. Algumas carroças estavam irreconhecíveis e muitos animais se soltaram e estavam por toda parte, provavelmente alguns deles haviam fugido tentando se esconder da chuva. Corri até onde estava o papai e lhe perguntei se eu poderia reunir os animais e verificar se algum havia fugido. Diante da autorização corri para chamar os meninos maiores para me ajudar.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: cyan; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: cyan; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Foi um trabalho lento, pois muitos animais estavam longe de nosso acampamento e pelas contas do pai de Yasmin ainda faltavam alguns animais que haviam simplesmente sumido. Enquanto alguns homens ficavam a reconstruir as tendas que não suportaram o temporal, outros montaram e foram procurar os animais perdidos.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: cyan; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: cyan; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Considerando minha tarefa executada, fui procurar Yasmin e lá estava ela, linda como sempre e com uma carinha de preocupada. Perguntei-lhe se estava bem e ela afirmou que sim. Estendi minha mão e lhe disse: "— não se preocupe vamos reconstruir tudo e recuperar os animais perdidos afinal, nosso povo não desiste nunca, não é?"</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: cyan; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: cyan; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Nesta tarde não ficamos juntos lá no riacho, pois havia muito a fazer e todos precisávamos colaborar.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: cyan; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: cyan; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Já era bem tarde da noite quando os poucos homens que ainda não tinham voltado, chegaram trazendo alguns animais. Todas as tendas estavam reconstruídas, algumas ainda improvisadas, pois precisavam de pequenos reparos que não poderiam ser feitos ainda aquela noite, mas a vida já voltava ao normal e como não poderia deixar de ser nosso povo se abancou em volta da fogueira para cantar, dançar, comer e beber.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: cyan; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: cyan; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Aproveitamos eu e Yasmin para ficarmos juntos a porta de sua tenda, assistindo nosso povo guerreiro, unido e muito feliz se divertindo depois de mais um dia que parecia que não teria fim. Um dia em que mais uma vez ficou provado que a união faz a força e, juntos não seremos destruídos como a maioria das raças, o são. Nossa capacidade de recomeçar e reconstruir é enorme e a vontade de viver é maior ainda. Pois amamos a natureza e ela nos ama. Nem as tempestades de chuva, vento e areia, nem as pestes, nem as guerras, que eu não sabia bem o que eram, conseguiriam nos destruir, pois éramos unidos pelo mesmo amor ao próximo, que tanto, nós ouvíamos falar e, pelo sentimento de liberdade que não tem tamanho e norteia a vida de todo homem de bem; Éramos ciganos! Sim senhor, éramos ciganos e a meu ver, os ciganos são imortais!</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: cyan;"><br />
</span><br />
<div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="color: cyan; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><i><br />
</i></span></span></div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="color: cyan; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><i>Autor: <b>Julio Roberto Santos</b></i></span></span></div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="color: cyan; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><i>(Narrado <b>pelo espírito de Hiago, o cigano</b>)</i></span></span></div></div></div><div class="blogger-post-footer">Julio Lótus</div>Julio Lótushttp://www.blogger.com/profile/10223708326173460299noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-417654366690769654.post-33757473561702129302010-12-11T17:44:00.005-02:002012-03-27T22:28:30.106-03:00A Premunição...<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Outros dias se passaram e continuei a não entender a força que Yasmin apresentou ao ler meu coração, mas comecei a indagar dos anciãos e de todos com quem porventura conversava sobre as magias. Não desisti, porém não tive muito sucesso, mas me lembrei de um ensinamento de um dos anciãos que dizia que algumas vezes uma magia boa (benéfica), poderia demorar a acontecer por que as coisas externas influenciavam para essa demora e que um bom cigano, não poderia desistir jamais se queria ter sucesso em sua magia. Pensando nisso não desisti, mas resolvi esperar até uma outra oportunidade.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Enfrentava o meu dia a dia com muito vigor, sempre movido pelo que sentia por Yasmin, afinal não via a hora de me sentar com ela a beira do riacho para trocarmos as nossas impressões.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Um belo dia, depois de realizarmos as nossas tarefas rotineiras e de brincarmos um pouco com nossos amigos, me lavei rapidamente, como de costume e fui me sentar a beira do riacho para esperar por Yasmin. O tempo foi passando e Yasmin não apareceu. Resolvi voltar para o acampamento para descobrir o que acontecera e fui barrado à porta da barraca dos pais de Yasmin. Por mais que indagasse, nada me diziam, na verdade só entendi que alguém tinha tido uma visão e que alguns de nossos homens haviam saído para ajudar a alguém, mas nada fazia sentido. Revoltei-me!</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Por que os adultos não me disseram o que acontecera a Yasmin? Será que ela estava doente? O que será que aconteceu de tão grave que ela não tinha ido ao meu encontro? Perguntas e mais perguntas, absolutamente sem resposta. Fui falar com mamãe para ver se ela sabia de alguma coisa.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Ao chegar em nossa barraca havia uma porção de gente à porta e dentro da barraca também. Infiltrei-me entre as pernas das pessoas e dei de frente com mamãe e lhe perguntei:</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Mamãe, você sabe o que está acontecendo com Yasmin? Por que há tanta gente na barraca dela? Aliás, mamãe por que há tanta gente aqui, também?</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Muito calma e pausadamente, mamãe levantou o braço e todos imediatamente, se calaram e ela respondeu-me:</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Hiago, meu filho, Yasmin estava se arrumando em sua barraca e de repente ela levantou os dois braços e pediu a seu Pai, como que implorando:</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Papai, você precisa reunir alguns homens e descer rapidamente o riacho, depois que passarem por uma espécie de lago, na verdade é um lugar onde o riacho se alarga muito, haverá uma cachoeira e mais adiante o riacho deságua em um rio maior, bem mais largo que este riacho. Ali no entroncamento do rio há uma criança perdida de seus pais. Ela veio se segurando em um pedaço de madeira do barco onde estavam ela e seus pais, na outra parte do rio. O barco se chocou com uma árvore caída nas águas e se quebrou completamente, o pai e a mãe da criança se seguraram na árvore e se agarrando nela, chegaram a uma das margens do rio e a criança não teve tempo de se segurar na árvore e se segurou num pedaço do barco que depois de algum tempo rio abaixo estacionou no entroncamento do riacho com o rio, exatamente na outra margem onde se encontram os seus pais, a sua procura. O rio é muito largo e seus pais não terão como ver que a criança está na margem oposta. A criança está muito assustada e com muito medo, fria e com fome, os seus pais a procuram andando pela margem do rio, mas estão muito devagar e muito distante, pois procuram com cuidado. Já é tarde e vai anoitecer em breve e vocês vão encontrá-la depois do cair da noite, ela estará chorando, mas está bem. Vão andem logo, não percam tempo.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— E eles foram?</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— O pai de Yasmin, não perdeu tempo, reuniu três homens, um deles é o seu pai e resolveu esperar um quarto homem que arrumava suas coisas. Yasmin, gritou de dentro da barraca: “— Não perca tempo, papai, não adianta esperar mais pessoas, por que só vejo quatro de nós chegando ao local!”.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Seu pai, não esperou mais, saiu correndo e os outros três correram com ele. Foram direto para a curva que o riacho faz ali embaixo, perto daquelas pedras grandes que ficam a margem do riacho.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Por isso, há muita gente na barraca dela, todos estão esperando por notícias e esperam também que Yasmin lhe digam que os nossos homens já encontraram o menino e que tudo está bem.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Sim mamãe, eu entendi. Mas por que tem uma outra parte do acampamento aqui em nossa barraca?</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Isso é uma outra estória que a mãe de minha mãe me contou e que ouviu da avó de sua mãe e esta ouviu de seus antepassados e vem passando de geração em geração na minha família há muito, muito tempo. Qualquer dia eu lhe conto e você vai entender tudo, está bem? Agora vá brincar e nos deixe aqui que todos estamos ansiosos conferindo os detalhes dessa estória para podermos entender e não errar.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Corri para a barraca de Yasmin, tentando falar com ela ou mesmo saber de alguém como ela estava e por lá fiquei.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Já era noite e de repente, alguém saiu da barraca gritando:</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Eles encontraram! Yasmin está dizendo que eles a encontraram e a criança está bem. Disse também, que agora os nossos homens já agasalharam a criança, estão dando de comer a ela e em seguida vão a procura dos pais. Seu pai vai ficar com a criança e os outros homens vão a procura dos pais dela. Pela manhã os pais serão encontrados e nossos homens os levarão até onde está o pai de Yasmin e a criança.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Foi uma das noites mais longas de minha vida até aquele dia. Não pude estar, ver ou falar com Yasmin e não consegui pregar o olho de ansiedade. Também não entendi como ele podia ver algo tão distante e como os nossos acreditavam cegamente no que ela lhes contava.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Amanheceu e nenhuma noticia vinda de fora. Surgiam informações tido como certas ao longo da noite, apregoadas a Yasmin, mas de fato nenhuma notícia.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Quando já nos preparávamos para o almoço, mamãe disse-me:</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Eles estão vindo, eles estão há poucos minutos daqui. Já, já estarão entrando no acampamento. Sinto a presença de seu pai. Agora, não demora muito.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Nesse mesmo instante, uma nova notícia vinda da barraca de Yasmin, idêntica a de mamãe; "Os homens estão chegando!".</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Não demorou muito e lá vinham eles, felizes e sorrindo muito. Verdadeiramente, muito contentes. Papai parou em nossa barraca, abraçou mamãe e lhe disse:</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Era verdade, detalhe por detalhe e o melhor da história você nem sabe. Yasmin narrou tudo antes que acontecesse, pois pelo que a família contou, o acidente com o barco aconteceu um pouco antes do sol se por e Yasmin contou o que viu no meio da tarde. Ela tem premunição! Premunição! Você sabe o que é isso? Pode realmente ser ela!</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">O resto do dia foi muito tumultuado e acabei por não ver Yasmin. À noite, a beira da fogueira houve muita festa e finalmente, vi Yasmin. Ela veio para junto de minha família, me deu um beijo no rosto e nada lhe perguntei e também nada foi dito, por que não havia nada a dizer.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><i><br />
</i></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><i>Autor: <b>Julio Roberto Santos</b></i></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="color: lime; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><i>(Narrado <b>pelo espírito de Hiago, o cigano</b>)</i></span></span></div><div class="blogger-post-footer">Julio Lótus</div>Julio Lótushttp://www.blogger.com/profile/10223708326173460299noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-417654366690769654.post-6258449512273068992010-12-09T23:41:00.011-02:002012-03-27T22:28:56.001-03:00A Leitura do Coração<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Tudo estava como era antes, eu percebi. Os mais idosos do acampamento pareciam nada ter notado, embora já se passassem alguns dias, nenhum comentário foi proferido. As crianças também não estranharam ou se perceberam algo de diferente, nada comentaram. Tudo parecia como antes...</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: yellow; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">A mim também, me parecia que em nada afetara o meu comportamento ou o de Yasmin. Senti que algo havia em mim de diferente, mas não conseguia descobrir o que, afinal eu realmente era o mesmo garoto de sempre. A única coisa que mudara em minha vida é que eu me pegava algumas vezes, e apenas algumas vezes, olhando para a Yasmin, apreciando seu sorriso, seu jeito terno e meigo de ser e agir. Isso mesmo, não havia motivo para preocupações, afinal nada mudara em nenhum de nós.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: yellow; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Quando Yasmin estava com as anciãs aprendendo suas magias, seus encantamentos e os segredos escondidos por trás dos mais variados objetos, aprendendo a ler a sorte nas cartas ou estudando as linhas das mãos, eu estava com os anciãos me dedicando àquilo que mais gostava de aprender, os segredos das plantas, das pedras, das curas, de como encontrar a paz espiritual através do serviço ao próximo. Disso eu gostava realmente, na verdade amava me sentir útil, embora estivesse só na fase de aprendizado, era como se eu tivesse certeza que tudo aquilo que eu aprendia iria ajudar muita gente e poderia mudar a vida de muita gente, para muito melhor e isso me fazia me sentir muitíssimo bem.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: yellow; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Assim que acabavam os ensinamentos era hora de brincar e nos sentávamos a beira do riacho para...</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: yellow; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Bem, espere um pouco, algo mudou então, será? Afinal em outros tempos, assim que deixávamos os anciãos nos juntávamos, a todas as crianças e nos colocávamos a brincar e agora percebo que desde a nossa chegada a "Busra ash Shan", ou seja, desde a primeira festa deste acampamento, temos, eu a Yasmin, ocupado nosso tempo livre para ficarmos juntos e não me lembro de brincar com as outras crianças. Agora entendo por que Hafic me chamou de chato, ele disse que eu estava sem graça e muito chato, que parecia que nenhuma brincadeira me interessava mais. Puxa, que surpresa estou tendo comigo mesmo. Estive mudando sim e nem percebi. Preciso prestar mais a atenção aos meus amigos, não posso deixá-los de lado, simplesmente por que estou gostando da Yasmin. É isso mesmo, estou gostando da Yasmin!</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: yellow; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Em meus pensamentos eu me dizia: <i>“Puxa vida, estava apaixonado e nem percebi e será que ela gosta de mim como eu gosto dela? Será que me considera importante em sua vida? Será que sente minha falta enquanto não estamos juntos? Será que ela gosta de mim ou só está se acostumando a ficar comigo junto ao riacho? Puxa, eram tantas perguntas e nenhuma resposta. O que devo fazer para eliminar minhas dúvidas. Vou falar com Hussein! Não, como posso abordar um assunto desses com um estranho? Bem, na verdade ele não é nenhum estranho, afinal o meu melhor amigo não pode ser um estranho. Não sei o que fazer! Não sei o que pensar e nem sei com quem falar! As minhas dúvidas me apertavam o peito e eu não sabia o que fazer. Poderei falar com um dos rapazes mais velhos depois do jantar de hoje. Bem, não acho prudente e se ele espalhar as minhas dúvidas pelo acampamento todo. Realmente não sei o que fazer. Não posso falar de um assunto como esses com mamãe e papai não iria saber me aconselhar, se é que vai conseguir me entender. Vou perguntar a Yasmin, afinal ela é muito esperta e não mentiria para mim. Como irei perguntar a ela se gosta de mim? Talvez, nem mesmo ela saiba. Simplesmente, não sei o que fazer! Vou deixar para amanhã, hoje apenas vou conversar com a Lua e esperar por uma resposta, sei que ela virá!”</i>.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: yellow; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Sentei com Yasmin na beirada do riacho e ficamos em silêncio absoluto como quase sempre fazíamos. Depois de uma eternidade, Yasmin quebrou o silêncio dizendo:</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: yellow; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Hiago, por que tem tantas dúvidas? Tudo o que lhe perturba o coração, não é bom e pode lhe fazer muito mal. Deixe as coisas irem acontecendo bem devagar... pouco a pouco... todas as suas dúvidas serão esclarecidas por você mesmo! Acha que eu também não as tenho? Mas, não estou me martirizando, não estou sofrendo com elas, apenas estou aproveitando sua companhia e me sinto muito bem com ela. Deixe que as preocupações se dissipem sozinhas. Uma a uma, todas as respostas virão, mas cada uma a seu tempo, cada uma de uma vez. Acho que não devemos abandonar os nossos amigos, neste ponto, acho que você está certo, vamos brincar primeiro e depois nos sentamos aqui e conversamos, pois mesmo que estejamos em silencio, nossas almas estarão conversando. A partir de amanhã, vamos brincar primeiro e depois ficaremos juntos. O que você acha?</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: yellow; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Eu estava simplesmente pasmo, boquiaberto e perturbado. De todas as anciãs e anciãos do acampamento, somente minha mãe conseguia ler o coração das pessoas, e ainda assim, ela precisava pegar na mão da pessoa e mesmo de olhos fechados, conseguia dizer tudo o que a outra pessoa pensava ou precisava saber e Yasmin nem me tocara e conhecia todos os meus segredos, as minhas dúvidas e os meus sentimentos. Tudo o que dissera era um absurdo, verdadeiro, mas um absurdo. Como conseguia ler meu coração sem me tocar. Isso era humanamente impossível e ela o fez com a maior simplicidade do mundo e pior, não errou em nada. Então, lhe disse com a maior segurança possível, naquele momento:</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: yellow; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Claro que sim, você está certa, amanhã vamos brincar primeiro e depois nos sentaremos aqui mesmo para conversarmos ou ao menos deixar nossas almas conversarem. Fica combinado, então?</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: yellow; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Combinados, agora você pode me dar um beijo?</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: yellow; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Desculpe-me, não entendi. Você quis dizer um beijo? Assim, diante de todos?</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: yellow; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">No dia seguinte, cumprimos rigorosamente o que nos comprometemos a fazer e fomos felizes, porém ainda não havia entendido como Yasmin podia ler um coração sem tocar em parte alguma da pessoa...</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><i>Autor: <b>Julio Roberto Santos</b></i></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: yellow; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><i>(Narrado <b>pelo espírito de Hiago, o cigano</b>)</i></span></div><div class="blogger-post-footer">Julio Lótus</div>Julio Lótushttp://www.blogger.com/profile/10223708326173460299noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-417654366690769654.post-24105527196784447262010-11-19T17:28:00.015-02:002012-03-27T22:29:28.665-03:00O Acampamento de Busrá ash Sham<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 16px;">Estava apenas com doze anos de idade era e me sentia uma criança. Como das vezes anteriores fomos forçados a mudar nosso acampamento de lugar, embora dessa vez tenha sido um tanto diferente, pois havia o clima de morte no ar.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 16px;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 16px;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 16px;">Nosso patriarca falecera tragicamente assassinado pelas costas, nas terras onde hoje conhecemos por Al Mafraq, na Jordania, simplesmente por que acampáramos sem consentimento das autoridades locais.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 16px;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 16px;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 16px;">Em nossa caravana, enquanto buscávamos por novas terras, o comentário era de que fora um ato covarde, onde não houve tempo de reação qualquer.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 16px;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 16px;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 16px;">Já estávamos na estrada a cerca de uns três meses, subindo e descendo montanhas, com trilhas tortuosas e lugares muito secos, com vegetação rala e de difícil habitação. Paisagens nada interessantes, muitas arvores mortas pelo sol escaldante do dia e a noite era fria e muito seca e o vento que passava por entre os galhos, zumbia tão tristemente que eu me sentia amedrontado. Uma terra que a mim me parecia nunca ter tido vida.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 16px;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 16px;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 16px;">Muitos dias muito quentes e muitas noites muito frias depois do último acampamento chegamos a um lugar conhecido como Busrá ash Sham, ao sul da Síria. Estávamos muito longe da cidade, há uns 5 dias de viagem, mas era um lugar agradável, com água e uma vegetação muito verde, um riacho de águas muito claras e frescas, onde se enxergava com muita nitidez o fundo com pedras e alguns peixes que sob elas se escondiam com a minha aproximação.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 16px;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 16px;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 16px;">Na noite de nossa chegada houve muita comida, uma festa linda e muita, muita música. Todos dançavam em volta da fogueira. Os meninos e meninas do acampamento se divertiam pulando e correndo e os adultos cantavam musicas infinitamente alegres. Não parecia que tivemos uma viagem dura e demorada, que provavelmente, a indecisão de para onde ir, nos fez andar muito mais que o necessário para chegarmos onde agora estávamos.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 16px;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 16px;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 16px;">A noite estava linda, com a lua cheia iluminando o acampamento e dando uma cor especial aos rostos felizes dos nossos homens e mulheres e algo parecia me dizer que seria uma noite impressionantemente feliz para mim também. O vinho abundante e a comida farta davam o tom da festa ao tempo em que a música e a dança pareciam lavar a nossa alma, outrora sofrida, mas neste exato momento muito rica e feliz.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 16px;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 16px;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 16px;">Já era tarde e o sono se avizinhava, embora o espírito de todo o acampamento era o de que a festa apenas começara. Entre as muitas atrações que senti pela lua, comida, música e dança uma especial começara a me chamar a atenção. Era o perfil lindo de uma das meninas do acampamento que dançava esfuziante ao som dos violinos, acordeons, da cítara e do czimbalons, algo nela me chamava atenção. Não sabia bem o que era, mas ma atraía os olhos em sua direção. Lembro-me que cheguei a ficar envergonhado quando percebi que ela havia visto que eu estava insistentemente olhando-a.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 16px;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 16px;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 16px;">Os primeiros indícios de que um novo dia estava chegando começaram a aparecer no horizonte e eu cansado percebi que estávamos sós, eu e ela, sentados a beira do riacho, olhando o vazio, calados, silenciosos e tudo a nossa volta parecia estar estacionado. Não havia mais o som da música do acampamento, embora sabíamos nós, que a festa continuava em andamento a poucos metros dali, mas estávamos sós, infinitamente sós, naquele exato momento, éramos um só, estávamos ambos sentados, um ao lado do outro olhando o mesmo vazio, na mesma imensidão do nada e muito provavelmente com o mesmo pensamento; tocar um no outro fisicamente, mas já nos tocávamos de alma, nossos espíritos eram comuns, estavam juntos no mesmo lugar cheio de paz e amor. Nenhuma palavra foi proferida, nenhum som foi ouvido, nenhum gesto foi manifestado, nada mais existia, somente o encontro e a união de nossas almas, que parecia ser definitiva.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 16px;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Autor:</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> </span><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Julio Roberto Santos</span></b></span></span></div><address align="left" style="margin-bottom: 0px; margin-top: 0px; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">(Narrado</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-weight: bold;"> </span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><b>pelo espírito de Hiago, o cigano</b>)</span></span></address><div class="blogger-post-footer">Julio Lótus</div>Julio Lótushttp://www.blogger.com/profile/10223708326173460299noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-417654366690769654.post-28232886268146660682010-11-19T17:26:00.011-02:002012-03-27T22:29:53.050-03:00O Principio...<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">No grupo em que nascemos, em uma de nossas passagens (cerca de 1.300 d. C.) recebemos a incumbência de viver juntos. Somos um casal de ciganos e de acordo com as leis de nosso povo fomos prometidos um ao outro.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Crescemos aprendendo a amar a liberdade, a respeitar o livre-arbítrio de nosso semelhante, a celebrar a natureza, a viver e incentivar o amor, a praticar a caridade amando nosso semelhante como amamos a nós mesmos, a buscar a prosperidade e a admirar e juntar o metal mais brilhante, bonito, e muito valioso, "o ouro".</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Fomos iniciados pelo nosso grupo na manipulação dos elementos e forças da natureza e nos preceitos secretos de nosso povo, ao que os gadjos (homens comuns) chamam de "magia". Esses conhecimentos nos foram transmitidos para podermos viver bem e felizes e para ajudar o nosso semelhante nesta árdua tarefa de também ser feliz e viver bem, porém, sem esquecer da evolução espiritual, a qual todos estamos incumbidos de buscar incessante e incansavelmente.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: red;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Saudáveis, muito jovens e muito rebeldes queríamos mais do que nos prender um ao outro, queríamos viver intensamente a vida com a qual fomos generosamente presenteados, porém, fomos bruscamente tragados de nossas vidas, pois essa nossa rebeldia nos impediu de cumprir o destino que nos tinha sido reservado.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Na verdade, a nossa morte foi uma tragédia para nossas famílias que inconsoláveis choraram por muitos anos, mas essa não foi a pior parte, pois sabiam que nosso Karma não havia sido cumprido e em suas orações clamavam a Deus que se apiedasse de nossas almas e amenizasse o nosso karma para que sofrêssemos o mínimo possível.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Reencarnamos muitas vezes, sempre com o destino de vivermos juntos, com cumplicidade e fidelidade, como um casal de verdade. Em nenhuma de nossas vidas anteriores, nos faltou o principal ingrediente para uma relação feliz, o AMOR, mas a rebeldia que possuíamos e os nossos deslizes cometidos desde a primeira vida e que também foram repetidos nas vidas posteriores, nos fizeram viver juntos eternamente.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Nascemos um para o outro e vamos cumprir nosso karma juntos, até nosso último dia. Por isso, novamente estamos juntos. Nos amamos profundamente e não temos a intenção de repetir os erros do passado.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Já íamos esquecendo de nos apresentar:</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">— Sou Hiago e essa é minha (eterna) esposa Yasmin.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><span class="Apple-style-span"><i><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-style: normal;"><span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Autor:</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> </span><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Julio Roberto Santos</span></b></span><br />
</span></i></span></span><br />
<address align="left" style="margin-bottom: 0px; margin-top: 0px; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: small;"><i><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">(Narrado</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-weight: bold;"> </span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><b>pelo espírito de Hiago, o cigano</b>)</span></i></span></address></div><div class="blogger-post-footer">Julio Lótus</div>Julio Lótushttp://www.blogger.com/profile/10223708326173460299noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-417654366690769654.post-80888498150396415732010-11-19T16:13:00.018-02:002012-03-27T22:30:26.158-03:00Nesta Vida...<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Desde crianças, nos sentimos fascinados por coisas, fatos, histórias e estórias ciganas, mas principalmente pelo povo e pelos espíritos ciganos...</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Em 2002, tivemos a idéia de montar um site que falasse dos “espíritos ciganos”, principalmente por que quando começamos a pesquisar sobre o tema, sentimos muita dificuldade em localizar textos variados, já que a grande maioria dos sites que se dedicam ao tema, são cópias de livros de três ou quatro autores. A segunda idéia era a de fazer verdadeiramente um “Acampamento Cigano Espiritual”, ou seja, convidar pessoas que trabalhassem com ciganos para colocar suas atividades e suas experiências, a disposição dos leitores. Neste caso, também tivemos muita dificuldade em encontrar pessoas sérias, que tivessem a preocupação de informar, orientar e ajudar a nossos semelhantes, sem contudo, pensar em extorsão, tirar proveito próprio, impor suas idéias ou mesmo influenciá-las, somente com o objetivo de se auto-promover ou arrebanhar seguidores. </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Começamos a visitar muitos grupos de discussão e durante muito tempo, estivemos observando, lendo mensagens, analisando comportamentos, disposição e vontade em ajudar, conhecimento, capacidade de se comunicar e se fazer entender, a intenção primeira em responder e também se existiam as "segundas intenções", entre outras observações que nos pareceram pertinentes. Somente desprezamos o fator cultura, pois entendemos que estudar é uma questão de oportunidade e pode ser compensado pela sabedoria. </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">A seguir, passamos a fazer parte de alguns grupos de discussão, com a intenção de seguir mais de perto alguns trabalhos. Nessas observações percebemos que não poderíamos falar dos espíritos ciganos, sem falar dos ciganos (vivos), já que os espíritos incorporam alguns costumes, pensamentos, linguagem e métodos de trabalho dos nossos queridos ciganos. </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Convidamos trinta e três pessoas a fazer parte desse projeto e dezessete pessoas responderam, sendo que treze aceitaram o desafio e estarão colaborando com seus conhecimentos e sabedoria . </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Você também pode participar mandando-nos um ou mais artigos e se tornar um membro desse acampamento, escrevendo-nos: EMAIL</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">"Salve os Espíritos e o Povo Cigano. Salve sua força; Salve sua luz; e Salve seu poder!"</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Aigh vie dhuit! (Bênçãos de fortuna e sorte para você)</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Autor: Julio Roberto Santos</span></div><div class="blogger-post-footer">Julio Lótus</div>Julio Lótushttp://www.blogger.com/profile/10223708326173460299noreply@blogger.com